A escassez da beleza e afins

Caravan moderna 1

O designer Eduardo Oliveira redesenhou um dos grandes sucessos da indústria automobilística brasileira.

Se fosse fabricada atualmente, seria assim, como aparece nas fotos, a boa e velha Caravan, a preferida das famílias, funerárias e equipes de reportagem de TV nos anos 70 e 80.

Em minha opinião – e isso é apenas a minha opinião – a repaginação da Caravan (Eduardo Oliveira fez também a do Opala, procure e veja que espetáculo) é um oásis de beleza no deserto do horroroso mundo preto e prata das SUVs japonesas e coreanas, que com suas lanternas e faróis pontiagudos me parecem mais super-heróis orientais do tempo da TV Tupi.

Mostrei as fotos a Sergio Maciel, outro aficionado por automóveis e, feito eu, saudosista dos carros que dirigimos (ou sonhávamos dirigir) quando éramos moleques.

Ele me respondeu que não haveria mercado para a Caravan hoje em dia, por mais bela que fosse, pois está longe de derreter no mercado a consolidação da ditadura das SUVs/ tanques de guerra que ocupam duas vagas.

Triste, concordo, e com o perdão do pessimismo, parto do pueril exemplo de um automóvel e acabo considerando que a beleza é elemento relegado a 2º, 3º, 4º planos nos sombrios dias atuais. Na música, na dramaturgia, nas artes plásticas, literatura, roupas, arquitetura. Nos automóveis.

Caravan moderna 2

No geral, o tal custo benefício reina, para fortalecimento da aridez dos espíritos e das emoções.

Meu velho amigo se estende, e me lembra que além da beleza também foram para debaixo do tapete a inteligência, a cultura, a compaixão. A liberdade de expressão está indo igualmente, acrescento, ainda mais triste, porque, afinal, esses quatro últimos elementos não dizem qualquer respeito aos automóveis.

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