Os culpados pela morte do Léo

Na época das eleições de 2018, o primo de minha namorada morreu de depressão.

Era homossexual e não aceitava que quase toda sua família fosse votar no candidato que disse que preferia ter um filho morto do que um filho gay.

Léo – era esse seu nome – não conseguia mais olhar na cara de irmãs e da do próprio pai.

“Esse cara quer matar gente como eu e vocês vão votar nele?”, lembro-me de ter chegado a meus ouvidos essa frase dita por ele em um almoço de família, um dos últimos com sua presença.

Leo

Atualmente, eleito, o candidato em 2018 não passa um dia sem insultar a imprensa, sem ofender moralmente os jornalistas.

Eu sou jornalista e se tivesse que escolher, seria de novo, tal meu amor pela profissão.

E esse candidato hoje chegou aonde chegou com a ajuda dos parentes do Léo.

E de muitos de meus parentes. Parentes próximos, como os dele.

É claro, a dor do Léo era muito maior do que a minha revolta.

Ser agredido em sua opção sexual é bem pior do que na sua escolha profissional.

Mas, Léo, onde você estiver agora, saiba que eu sinto também um pouquinho da tua dor e da tua mágoa com pessoas que a gente deveria amar.