Prazo
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Quanto tempo vai demorar pra gente reconstruir tudo, depois que eles destruírem tudo?
Quanto tempo vai demorar pra gente reconstruir tudo, depois que eles destruírem tudo?
Fiquei sabendo por esses dias que agora existe ´gatificação´ da casa.
Um cara vai na tua casa e adapta o que ele encontra às necessidades e bem estar da sua gatinha ou gatinho.
Não tenho muita experiência com os felinos.
Tem menos de um ano que adotei uma gatinha, e me parece que ela vive muito bem com a caixinha de areia, a toquinha, o cantinho da ração e uma pequena tábua que pus na janela telada para ela tomar conta da vizinhança.
Fiz apenas o que me disseram para fazer quem tem gato há mais tempo, e não gastei um cobre com isso.
Ela tá lá, aprontando, se divertindo, comendo tudo e fazendo cocô toda hora.
Não me disse que sente falta de um ambiente customizado e adequado às suas peraltices.
Cada vez mais se fortalece a indústria de invenção de necessidades, que encontra na classe média endinheirada e otária uma ótima oportunidade de empreendedorismo.
Diziam que essa pandemia era a chance de a gente se melhorar.
Não sei se houve resultado.
Mas que muita gente conseguiu se piorar, ah, isso conseguiu.
Cerca de dez anos atrás a Fiat lançou um modelo esportivo do Pálio.
Tinha cores fortes – vermelho, amarelo -, rodas de liga leve e umas faixas laterais na parte baixa das portas imitando carros de competição, para firmar bem a pegada esportiva.
A imprensa automotiva chamou o carro de “foguetinho”, por causa do arrojado (para a época) motor 1.8.
Fiquei apaixonado pelo carrinho, quis comprar.
O dono da oficina em que eu levava meu carro me desaconselhou: o motor era nervoso, mas bebia demais, eu ia perder muito dinheiro quando quisesse vendê-lo, pois quem comprava um Fiat Pálio queria economia.
Não era um bom custo-benefício, ele resumiu a macarronada.
E eu atendi seu conselho.
Domingo passado, dei de cara com um desses Fiats na vizinhança: vermelhinho, lindo, super conservado, como se me dissesse: me pega, cara, e me leva para a estrada.
Fiquei olhando a lataria que brilhava à luz da manhã e pensando de quantas curvas fechadas e retas maravilhosas, daquelas que a gente enfia o pé, abdiquei por causa do tal valor de revenda.
O dinheiro do carro que comprei no lugar do Paliozinho nervoso, e que vendi tempos depois, já evaporou e não tenho a mais vaga lembrança de quanto era e de quanto lucrei (e se lucrei), ao contrário do que aconteceria com as curvas e as retas, que estariam até hoje aqui comigo, em deliciosas lembranças.
Deixei de ser feliz por causa de custo benefício.
Como o mundo nos impõe e consegue, na maioria das vezes, nos contaminar com sua pobreza.