Domingo de samba aqui em casa

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Samba não é a minha praia, mas hoje escutei com prazer o CD Papo de Boteco, de Leonardo Almeida Filho e Paulo Sá.

O disco não é novo, é de 2017, mas para mim é lançamento, pois não o conhecia e ganhei do LAF cerca de dez dias atrás.

É aí que se nota a diferença entre um disco muito bem feito, com técnica e talento, e as coisas homogêneas, todas iguais que empesteiam rádios, aplicativos e plataformas, com a desculpa de que é o que o povão gosta.

Os arranjos, as harmonias e as letras das 13 canções fizeram com que, neste domingo trancado em casa, eu escutasse com prazer um disco de samba, que flerta com brilho também com a bossa nova e canções de motivos africanos, sempre tão importantes de se manter em evidência nesse país de maioria preta e africana.

Se o LAF metesse a mão num sertanojo, sei lá, capaz até de eu querer escutar.

Além de compositor, LAF é poeta e romancista, e sobre alguns de seus livros já falei (muito bem) por aqui.

Ele é o que aparece na capa com o violão, vestindo o manto sagrado e também a camisa do Vasco (neste último caso, quanto sacrifício pela arte, meu Deus!) e atrás do balcão. Paulo Sá, obviamente, compõe o resto da cena.

Esse disco é a cara da gravadora Biscoito Fino, que prima pela qualidade do catálogo.

Será que não escutaram?

Realmente, morar em Brasília tira completamente do artista a possibilidade de uma vitrine maior.

Quem chegou até aqui, deve estar se perguntando por que afinal de contas esse cara, que não gosta de samba, tá trancado domingo em casa, escutando um disco de samba, que nem lançamento é?

É que após dois anos e meio de invencibilidade, a cidadela caiu: peguei COVID.

Dei bobeira na semana passada em um lugar em que não deveria ter tirado a máscara, tenho certeza de que foi isso.

No mais, digo que somente com quatro doses de vacina – e só assim – essa maldita doença realmente é apenas uma gripezinha.

Cuidem-se!

O Jesus autêntico de Frei Betto

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O grande mérito de Um Homem Chamado Jesus é não ser um livro religioso, ainda mais se levarmos em conta que foi escrito por um padre.

O que interessa a Frei Betto não é catequese, é o Jesus histórico, o que viveu entre e pelos pobres e os marginalizados, tornando-se o maior vulto, se não da humanidade, mas ao menos da história ocidental.

O Jesus de Frei Betto, que, creio com minha fé cristã, é o autêntico, morreu pelo motivo simples de se opor à hipocrisia da falsa moralidade, em que leis, rituais, dinheiro e poder estavam acima da vida humana.

Não teria fim diferente na atualidade em certo país do hemisfério sul, onde milhões que se dizem seus seguidores copiam a hipocrisia que imperava em Jerusalém 21 séculos atrás.

Outro detalhe interessante do Jesus descrito por Frei Betto é a figura extremamente humana de alguém a que se atribui divindade.

Nas páginas de Frei Betto, Jesus se alegra, se chateia, sente tédio, chega a se irritar, gosta de festa e é um bom garfo (come bastante carne, inclusive).

A diferença é sua moderação, seu equilíbrio, sua sabedoria, sua coerência entre o que dizia e o que fazia e, acima de tudo, seus extremos amor e misericórdia para com o próximo.

Era isso que o levava à divindade, a mesma que ele dizia que poderíamos alcançar, mas que, por ora, dela nos mantemos (bem) distantes.

Com um texto elegante, objetivo, claro e bem escrito, Frei Betto acaba evangelizando, mas com literatura de qualidade.

Apenas dois pontos me decepcionaram.

O primeiro é a manutenção da versão bíblica de que Jesus não nasceu de uma concepção normal, como nascem as pessoas de carne e osso, como ele era.

E o segundo é o papel totalmente secundário de Maria Madalena, que praticamente não aparece na obra (menos mal que na história ela não é uma prostituta arrependida).

Mas tudo bem. Frei Betto, em que pese toda sua visão progressista e humanitária, é um padre.

A divindade é do personagem principal de seu livro.

Para o que deu certo ou não

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Se você teve uma banda de Rock que não deu certo, acho que você vai gostar do livro do Victor Mascarenhas.

Se a banda deu certo, e você é o Herbert Viana ou o Frejat e está me lendo agora, acho que também vai gostar do livro do Victor Mascarenhas.

Se você não teve banda de Rock, mas sua vida não deu certo, meu palpite é o mesmo, e vale, igualmente, se a sua vida deu certo (ao menos aos olhos dos outros), embora não tenha sido do jeito que você queria e pensava.

Se o seu caso não se encaixa em nenhuma hipótese acima, leia o livro do Victor Mascarenhas para, ao menos, pensar que rumo, afinal, sua vida levou.

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