Da série Coisas que passam pela cabeça da gente

É lá pelo meio da tarde, quando a vida merece um café bem brasileiro, coado no filtro de pano, que você se pega pensando que essa história de que dor e sofrimento renovam, reconstroem, matam o que era velho e tiram o novo da casca é verdade mesmo, finalmente não mentiram para você.

E aí, do nada e sem querer, você põe os olhos no uniforme da gari, que anônima varre a avenida principal, e dentro da sua cabeça já mudou a direção das suas ideias e você acaba achando que não deve realmente ser um sujeito normal, porque sua cor preferida é cor de abóbora, só que ainda mais berrante que o uniforme da moça.

Na metade da xícara bate uma certeza líquida, certa e comprovada de que agora, na metade dos 40, você tem muito mais coragem de viver do que tinha aos 20 e poucos anos. Na verdade, você era tão pretensioso quando tinha 20 e poucos anos que nem imaginava que as pessoas pudessem ser melhores aos 45.

Então, você paga o café, e voltando ao trabalho cumprimenta a moça, incansável com sua vassoura, e tudo continua passando pela sua cabeça, mas não necessariamente na ordem inicial.

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