Declaração de não-voto

Não me parece coerente com qualquer ideia de mudança e renovação a ausência de proposta para amparar legalmente aquilo que todo ser humano tem de mais valioso: a liberdade de escolher com quem quer se relacionar e viver.

O direito de amar homens ou mulheres deve ser respeitado como decisão de foro íntimo sobre a qual não cabe julgamento e muito menos condenação, mas que merece a segurança legal que o Estado deve a quem é cidadão de bem, cumpridor da lei e pagador de impostos. Independentemente de qualquer espécie de opção.

O reconhecimento a esse direito oficializa as novas faces da família, e família é o caminho contra a delinquência juvenil. Pode também ser o destino de muitas crianças que abarrotam os orfanatos, muita delas que, inclusive, por serem negras ou possuírem alguma deficiência, passam longe dos sonhos de muitos casais que formam a chamada família tradicional e bem aceita socialmente.

Mas o que mais me preocupa nem é que uma ideia de mudança não traga a previsão de leis assegurando legalidade ao que o coração de cada um determinou como escolha de vida. Meu alarme maior é em relação à religião se imiscuindo nisso que deve caber apenas ao estado. E não apenas interferindo, mas demonstrando que quer o poder e que se apronta para ser pilar de governo.

Isso não é uma declaração de voto.

É uma declaração de não-voto.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima