
Acho que com o passar do tempo essas festas de fim de ano vão perdendo o brilho e a graça.
Há um determinado momento da vida, que não sei precisar qual, em que começamos a ter dificuldade de respirar os tais ares de esperança trazidos pelo fim de ano.
Talvez sejam as perdas as responsáveis por isso.
Afinal, é muito pai e mãe que morre na vida da gente (às vezes, filhos também), é muito amigo querido há anos morando longe, é muito divórcio, muito namoro feliz que acabou de repente.
E por mais que haja reposição de peça (netos, novos amigos e amores) as perdas se acumulam e parece que passam o ano todo esperando para pesarem ainda mais em dezembro, no meio de tanta rua cheia, de tanta loja entupida, de tanta confraternização forçada, de tanta caridade feita como convenção e satisfação à sociedade.
Então, depois de uma certa idade, quando chega dezembro, no fundo o que a gente quer mesmo é que janeiro comece logo, despachando pra longe essa irritante obrigação de estarmos felizes e esperançosos.
Ps1: Essa caridade anual, com data marcada pra dezembro, também me cansa.