Neste livro de contos, lançado já há uns bons cinco anos, Eduardo Sabino se diferencia dos escritores contemporâneos em um detalhe: coloca humor em suas histórias.
Tenho lido muitos autores e autoras dez, 20 anos mais jovens do que eu, e posso dizer que há muita gente boa, mandando bem o seu recado.
Mas quase sempre é uma literatura carregada de angústia, seja pela injustiça social, pela discriminação de qualquer tipo, pela família e até pela própria vida, que às vezes parece mesmo sem sentido.
Sabino fala disso tudo e é angustiado também, mas ao contrário de seus pares de geração, usa o humor e nos arranca risos (pelo menos de mim ele conseguiu isso).
Mas não é esse humor televisivo, de Porta dos Fundos ou stand-up comedy, que escorregam com alguma frequência para o banal e o lugar comum.
É um humor cáustico, o que melhor cabe na literatura.
E mais ainda nos dias atuais.