Leitura obrigatória para isentões

Os Possesos

Acabei de ler o livro mais recente do Leonardo Almeida Filho, sobre quem já escrevi por ocasião de Grande Mar Oceano, obra que caiu no meu gosto.

Talvez Os Possessos não seja a viagem literária do romance anterior do LAF, viagem extremamente prazerosa para o aquele leitor que realmente gosta de sorver a literatura em detalhes de estilo.

O que quero dizer é que li este novo livro muito mais como ser político e cidadão temeroso com os rumos do país do que propriamente como leitor literário (existe esse tipo?).

O personagem é um professor universitário e escritor, desgostoso com os rumos que o Brasil decidiu, por maioria, tomar nos últimos anos.

Ele tem muito de cada um de nós, adeptos da democracia e respeitadores da opinião diferente, da ideologia diversa, desde que esta, claro, não atente contra a vida, a liberdade de expressão e o direito de cada um viver como quer e como bem entende (e com quem bem entende).

Mas para quem gosta, há também boa literatura no livro.

O personagem principal ainda faz traduções de poemas – o que garante a densa e elegante poesia do LAF nas páginas – e escreve crônicas para um jornal.

Essas crônicas, aliás, são um dos pontos altos da obra, e falam de um jeito tão especial de uma Copacabana que, mesmo com sua neurose e caos, dão vontade de voltar correndo pro Rio.

O “cada um de nós” que citei acima, precisa ler Os Possessos, para continuarmos atentos, mas existe uma outra categoria que, a meu ver, precisa ainda mais.

São os isentões, que em 2018 defenderam o voto nulo, sem querer enxergar a clara diferença que existia entre o que foi posto para escolhermos.

Precisam ler para não repetirem a grande enrascada em que meteram o país.

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