O homem que não quis ser padre

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Passando por aqui para falar, rapidamente, de um dos últimos livros que li.

Trata-se dessa raridade chamada Drama de um Padre, escrito nos anos 1950.

Esse exemplar, o único, foi encontrado em um único sebo, que nem cadastrado na Estante Virtual está.

O autor, Isócrates de Oliveira, foi diplomata, filósofo, teólogo e, claro, escritor.

Mas antes de tudo isso, tentou ser padre.

E não conseguiu.

Então escreveu essa cacetada na forma como a igreja católica ordena seus sacerdotes, na base da repressão medieval, de acordo com o autor.

Isócrates descreve uma preparação que em tudo agride e oprime a natureza humana, começando pela sexualidade.

Não é de se admirar que o livro tenha causado escândalo à época.

Drama de um Padre mostra o jogo de poder, vaidade, mesquinhez e interesses do clero, mas, acima de tudo, a conduta de bispos e arcebispos, em nada condizentes com o ensinamentos do Cristo, o que, justiça seja feita, não é privilégio dos católicos entre as religiões cristãs, pois basta frequentar uma igreja evangélica ou um centro espírita para detectar também nesses templos a hipocrisia e o desvirtuamento das palavras do messias.

Isócrates nasceu em Pirenópolis, essa joia histórica cravada junto à Serra dos Pireneus, em Goiás.

Sua casa é hoje uma pousada, que manteve, por exigência da família, parte de sua biblioteca e escritório exatamente do jeito que o autor deixou (ele morreu em 1999).

Como é realmente difícil encontrar um exemplar de Drama de um Padre, sugiro a quem puder um pulo em Piri e uma visita rápida ao local, ao menos para sentir a essência da alma do escritor.

Mas já aviso de antemão: não espere encontrar o livro lá, pois levaram e não devolveram o único exemplar que havia na biblioteca.

Uma conduta nada cristã, diga-se de passagem.

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