Para quem torcer?

Há dois dias tento responder a mim mesmo para quem torcerei na final de domingo. Não consigo e acabo confessando minha dificuldade em dissociar alguns fatos históricos e recentes das seleções de Holanda e Espanha.

Acho irônico, debochado até, que a Holanda seja campeã justamente no país onde ela disseminou o ódio racial e a estupidez segregacionista. É só futebol, mas não acho que mereça, não na África do Sul. Num mundo imaginário, chego a sorrir pensando numa final entre holandeses e os donos da casa e o placar final de 4X0 para a África do Sul. Seria a vingança gloriosa de um povo contra a barbárie. É só delírio, certamente. Lindo delírio cinematográfico.

Quanto a Espanha, a dificuldade em torcer passa por uma questão que envolve nós, brasileiros. Mesmo que não nos importemos – pois o que nos ofende é apenas a Argentina – diversos brasileiros são barrados no aeroporto de Madri. Impedidos de entrar, são maltratados e mandados de volta, humilhados, perdendo a viagem de férias e até mesmo a visita ao parente. Portanto, não me sinto nem um pouco à vontade, muito menos motivado, a torcer pela Espanha.

Digamos que andando pela rua, uma hora antes do jogo, eu topasse com uma lâmpada mágica, a esfregasse e dela saísse o Joseph Blatter vestido de gênio mandando que eu fizesse um pedido em relação à partida. Eu pediria, então, que os dois perdessem e que o Uruguai, sendo terceiro colocado, fosse declarado campeão. Mas antes disso, é claro, o Uruguai precisa colaborar com o meu pedido absurdo e vencer a Alemanha.

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