Pipoca comparativa

A pipoca gordurosa

com cheiro de óleo de soja

feita na carrocinha de alumínio amassada

pelo homem que há três dias não se barbeia

e cuja barriga esgarça

o jaleco encardido,

que é viúvo precoce

com fillho entrevado

e filha perdida

e há trinta anos

faz ponto na praça nostálgica,

é muito mais gostosa

que o super combo do Cinemax.

6 comentários em “Pipoca comparativa”

  1. Muito mais gostosa!! Detesto esses combos. Aqui, então, quase fiquei azul quando comprei o ingresso pruma comédia americana tola com pipoca megagiga e coca-cola. Da próxima vez, levarei guloseimas de casa – o que meu pai me ensinou há algum tempo, mas teimo em esquecer!

  2. Denise Giusti

    Adoro pipoca! Na Saens Peña ainda encontramos diversas carrocinhas de pipoca, elas conseguiram sobreviver mesmo depois que os cinemas viraram igrejas e drogarias, graças a nós que não resistimos o cheirinho que fica no ar, irresistível …

  3. Podemos dizer ser uma poesia engajada com todos os toques de um governo Dilma. Mas poderia ser, também, uma ode à simplicidade e a sensibilidade das coisas e das pessoas. Poderia ser, sim, um momento lúbrico de uma visão de um homem simples com o sofrimento encardido no jaleco. Mas vai provar a pipoca dele. Ela é feita com a soma dos olhos do poeta. E este sabor não tem igual no mundo.

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