O Supremo Tribunal Federal tem a oportunidade ímpar de mostrar que está sintonizado com o sentimento da sociedade. Para isso, não precisa muito, basta decidir que a chamada Lei da Ficha Limpa não é inconstitucional, e que sua aplicação vale sim para as próximas eleições.
Os que foram enganchados pela Ficha Limpa bradam injustiçados (Coitados!) o discurso prático e perfeito do be-a-bá de qualquer aulinha de direito: a lei não pode retroagir para prejudicar. Esquecem, no entanto, de que permitindo a eleição de gatunos do dinheiro público feito eles, prejudicam não um ou dois, mas o povo. Além do mais, em quantas vezes ao longo da história tantas leis de interesse do poder voltaram atrás sem que ninguém se importasse se a sociedade se danou em benefício do estado e das elites.
Já é sabido que existem ministros do STF cuja posição será contrária à lei. É direto deles, mesmo que o apego à letra fria de uma norma, ainda que seja a máxima, como a Constituição Federal, fale mais alto do que a oportunidade de impedir que voltem aos governos e parlamentos aqueles que roubaram dinheiro para erguer pontes fantásticas, ou que violentaram o ordenamento urbano permitindo e até mesmo promovendo a invasão de terras públicas.
É hora dos ministros do STF, residentes no Olimpo da escala social e intelectual de nosso país, se desgarrarem da “correção” das leis e decidirem não amparados pelo consagrado saber jurídico, mas pelo sempre posto de lado anseio da sociedade. Se assim não for, é de se concluir que, em se tratando de corrupção, falta no mínimo bom senso a nossa suprema corte.
Há uma cena em “Nosso Lar” onde André vai falar com o Governador e pergunta a Lísias se não devem antes marcar a entrevista. Lísias responde que lá ( Nosso Lar) o governador dá o exemplo.