A igualdade não tão igual da mídia

A postura dos meios de comunicação, em especial nos horários nobres das telenovelas, tem sido decisiva na discussão e no começo de uma aceitação por parte da sociedade dos direitos dos homossexuais. Parece-me que quando se aceita o direito do outro, entramos em um processo irreversível de eliminação do preconceito.

Mas temo que esse necessário empenho dos meios de comunicação não seja totalmente gratuito e apenas com interesse na defesa da igualdade. Acho que o fator econômico é na verdade o braço que levanta, em particular na televisão, a bandeira da igualdade dos homossexuais.

Pesquisas sobre perfil econômico do brasileiro indicam que em número expressivo os gays vestem roupas de grife, viajam ao exterior, vão ao cinema, teatro e jantam fora com frequência, quesitos que indicam bom padrão de vida financeiro. Ou seja, são público consumidor na plenitude de seus potenciais, alvo importante para a publicidade, roda principal da engrenagem da mídia.

E para quem acha que estou perdido no campo da ilação, uma pergunta: por que, então, com a mesma intensidade da homossexualidade, não é discutida na novela do horário nobre a situação dos negros e dos nordestinos fugidos da seca, subempregados nas grandes metrópoles, vítimas de preconceito e discriminação?

É possível que a resposta esteja nas mesmas pesquisas de perfil econômico.

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