Brasil, meninão bobão cinquentão

meninão (2)

O Brasil é feito um grande meninão de 50 anos com cabeça de 15.

Que faz besteira desde os 15 e não se toca que já está com 50.

Coleciona burradas e delas não armazena qualquer aprendizado.

Recebeu uma Copa do Mundo, sediou uma Olimpíada.

Dez anos atrás (exatamente) alardeava-se os benefícios que os dois eventos trariam ao país.

Era o tal legado, palavra grandiosa, dona de certa aura de mitologia grega (a depender da imaginação) que, embora não tenha esse significado, na 1ª vez que a escutamos chega a sugerir riqueza.

É só olhar para a nojeira que continua a Baía de Guanabara, para a sucata das instalações olímpicas e para os elefantes brancos que são a maioria dos estádios da Copa e a gente entende o meninão de 50 com miolo de 15.

Agora a história se repete (como farsa) nessa ideia de se construir um autódromo no Rio, que, diga-se de passagem, perdeu o seu antigo justamente por causa da Olimpíada.

Dessa vez, o legado terá entrega imediata, não será preciso esperar: 180 mil árvores serão derrubadas em uma área remanescente de mata atlântica, a última em zona plana, 2º especialistas.

Um autódromo para ficar abandonado como estava o de Jacarepaguá? Como está há sei lá quantos anos o de Brasília?

Meninão Brasil, se liga!

Pare de ficar sem pagar a escola dos filhos só para ir a restaurante de luxo e ter carrão importado.

A cidade existente da inovação com poesia

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Não tenho certeza, mas me parece que há uma brisa na literatura nacional soprando na direção de se inovar a forma de escrever um romance.

Há autores tentando, e alguns conseguindo manter o interesse do leitor.

Caso de José Rezende Jr. em seu recém-lançado A Cidade Inexistente (7Letras).

A história aborda um drama silencioso e desconhecido do Brasil que vive nas grandes cidades: as pessoas atingidas por barragens, que tiveram que sair, muitas vezes às pressas, do lugar onde viveram durante anos, porque sua história e a de sua família despareceu debaixo das águas de alguma hidrelétrica.

Como inovação, no livro não há, declaradamente, um personagem principal, papel que parece caber à própria cidade afogada.

Personagens se revezam recebendo as luzes principais da narrativa.

Ora um aparece mais do que outro, e logo em seguida se recolhe por algumas páginas, para dar espaço a quem aguardava a vez.

Uma aposta feliz de Rezende, capaz, com essa ousadia, de inclusive abiscoitar outro Jabuti, o que já fez alguns anos atrás.

E o que embala o leitor no vai e vem de cada personagem é a narrativa dotada de extrema sensibilidade humana, com invólucro da mais fina poesia.

Não me consta que Rezende seja poeta, e se de fato não é, conseguiu ser, inovando na forma de escrever um romance.

Dúvida e espera

Moro

Nesta 4ª feira, no Senado, certamente o ex-juiz vai dizer que é normal magistrado conversar com promotores.

Suponho que realmente seja.

Minha dúvida é se é normal um magistrado estar em grupos de zap conversando com os promotores.

Por mais formal que seja, um grupo dessa espécie sugere proximidade, objetivos em comum.

Será que ele também fazia o mesmo com os advogados de defesa?

Se é normal para um lado, deveria ser também para o outro, eis minha outra dúvida.

Enquanto isso, aguardo mais celeridade do Intercept nas revelações sobre esses diálogos.

Greenwald voltou a repetir que o material está sendo analisado, checado, em nome do bom e responsável jornalismo.

Muito bom que seja.

Mas pela minha experiência na profissão, séries de reportagens chegam ao público apenas depois de superada essa fase de checagem e comprovação.

O diálogo envolvendo FHC é pesado, incômodo (que uso aqui como eufemismo de comprometedor), mas acho que está havendo mais propaganda do que entrega por parte do site.

Ou de uma entrega mais rápida.

Paciência não é um recurso renovável.

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