Listinha

Estive recentemente em um evento literário em Pirenópolis, cidade histórica de Goiás, a cerca de duas horas de Brasília.

Nesses eventos, tão bom quanto vender livros e mostrar nosso trabalho é descobrir, como leitor, outros autores.

E por isso também valeu muito a pena participar quase um mês atrás da e-cêntrica, que deve se repetir em agosto em Cidade de Goiás (sim, a terra de Cora Coralina).

Divido, então, esses livros com vocês – todos são de poemas.
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Pedro Tostes eu já conhecia, mas nos tornamos camaradas em Piri, onde me aproximei de sua poesia, que é um necessário tapa, cusparada, escarrada, golfada de vômito em um blend (não é assim o modo chique de dizer?) de país/sociedade/ser humano atuais.

Depois, para respirar, leia Keyane Dias.

A poesia dessa brasiliense é como abrir janela em quarto fechado, fazendo nos sentir integrados às árvores, flores e pássaros lá fora, no quintal.

Cássia Fernandes e Dairan Lima explicam com extrema beleza, capacidade e precisão poéticas as dores de amor e solidão das mulheres, o que serve também para os homens, porque dor e solidão têm o costume de serem assexuadas.

Por fim, Carlos Edu Bernardes, que não estava no evento, mas cujo livro me chamou a atenção pela capa e pelo título.

Me ganhou com uma poesia lírica sem pieguismos e uma linguagem que me pareceu próxima à Música Pop, ao Blues e ao Rock, o que sempre me agrada, pois me vejo como pessoa e autor nesses espelhos.

Enquanto volte e meia pula aqui ou acolá uma lista dos “dez-poetas-da-atualidade-imprescindíveis-e-necessários-que-você-não-pode-deixar-de-ler”, sabe-se lá com que critérios elaborada, ficam aqui minha humilde listinha de poetas (de Goiânia, Brasília e São Paulo) que descobri no interior do Brasil e meus votos de boa leitura.

A tecnologia dos ipês de Brasília

A seca em Brasília é bela, tão bela quanto cruel para com os sistemas respiratórios mais sensíveis.

O estio na capital do país é paleta de cores a ser descoberta pelos olhos mais atentos e menos apressados, aqueles que se ocupam com a vida que de fato existe, aquela que corre do lado de fora das alienantes (e imbecilizantes) telas de smartphones.

Raquel Madeira - Asa Norte - Brasília, DF
Raquel Madeira – Asa Norte – Brasília, DF

Nos últimos dias, Brasília está lilás.

É a primeira leva de ipês que se derrama pelos eixos e quadras, anunciando, justamente, a abertura oficial da estiagem.

Lá pela metade de agosto, será a vez dos ipês amarelos.

Eles são o 2º aviso da criação, a de que a seca está no auge e que você não deve se aventurar a pé por aí, debaixo do sol das 2 da tarde, pois há o risco de se tornar um graveto estorricado antes de chegar a seu destino.

Os ipês amarelos são uma forma deslumbrante de bela de te preparar para a crueldade desses dias em que se você passar com mais força a sola do sapato na grama, periga provocar uma queimada.

A 3ª e última leva de ipês, a dos brancos, aflora lá pela virada de setembro para outubro, e além de beleza ela traz o aviso mais esperado do ano por quem mora em Brasília: a de que a chuva está próxima.

Dito e feito: entre 10 e 15 dias a água desce, ressuscita a grama e a nossa esperança de que a vida vale mesmo muito a pena, embora com um ou outro desgosto aqui e ali.

Raquel Madeira - Asa Norte - Brasília, DF
Raquel Madeira – Asa Norte – Brasília, DF

Portanto, decore: lilás, amarelo e branco – começo, meio e fim – ascensão, apogeu e declínio da seca.

É a tecnologia da mãe natureza, muito mais bela e perfeita do que qualquer Apple ou Samsumg.

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