Caos e embrutecimento

Getty imagens
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Recebi há pouco pelo zap, de fonte segura e não de algum tiozão, uma relato dramático da situação dos hospitais do Distrito Federal.

Há gente sendo intubada no pronto-socorro, enfermaria virando UTI e sala de cirurgia apenas para emergência.

A origem da mensagem é uma médica que trabalha em dois hospitais particulares e um hospital público de Brasília.

Que não há mais UTI não é novidade.

O problema agora é que começam a faltar ventiladores que colocam o pulmão do sujeito para funcionar em casos muito graves (e são muitos os casos muito graves).

Antes de receber essa mensagem, soube que em uma cidade do noroeste de Minas, onde a situação é tão difícil quando a de Brasília e do resto do país, uma mocinha lindinha, cheirosinha, maquiadinha e saradinha de academia vai comemorar o niver dela em uma chácara em um evento (só) para 200 pessoas. Mas vejam bem: tudo dentro das normas de segurança, com máscara, álcool gel e distanciamento.

Claro, claro, depois de beberem tudo que haverá na confraternização (não, não é festa, é uma coisa pequena, só uma confrazinha mesmo), é extremamente seguro que ninguém se abraçará ou se beijará, e todos continuarão lembrando de manter a máscara.

Fico pensando que esse tipo de gente feito a mocinha dessa cidade mineira está escarnecendo do trabalho da médica autora da mensagem que recebi há pouco, do trabalho dela e de milhares de outras médicas, médicos, enfermeiras e enfermeiros e toda comunidade hospitalar.

Mesmo que acontecesse o impossível, ou seja, Bolsonaro se tornar exemplo de governante gestor do combate à pandemia, o Brasil continuaria patinando com suas milhares de mortes diárias, por causa do embrutecimento humano de boa parte de sua população.

Seguindo na escuridão

pelasombra.blogs.sapo.pt
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Cheguei a ter esperança de que uma médica a favor do isolamento e da vacinação em massa, e que, crente da ciência, como deve ser uma médica, rechaça essa penca de “Ina” sem comprovação, pudesse assumir aquela Torre de Babel em que se transformou o Ministério da Saúde.

Mas as trevas agiram rápido, e montaram na rede um esquema, inclusive com um áudio que tudo leva a crer seja falso, de apedrejamento de mais uma que defende a razão, o bom senso e a luz.

É claro que tiveram eco junto ao trevoso-mor da República, que certamente percebeu que essa médica poderia resgatar o país do caos e do colapso e, consequentemente, sair muito maior do que a sua desprezível figura de gestor incompetente.

Por enquanto, então, seguimos na escuridão.

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