Sobre desejar a morte de alguém

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Há um ano e quatro meses não viajo, para evitar os ambientes fechados de aeroportos e aviões e o risco de contaminação na roupa de banho e de cama de hotéis e pousadas.

É quase o mesmo tempo em que não vejo a cara de um bar e de um restaurante.

Em três oportunidades, no ano passado, quando o ritmo de contaminação apresentou leve desaceleração, entrei em um café vazio para um expresso rápido, e mesmo assim me sentindo culpado.

A não ser pessoas de meu círculo íntimo, ninguém vai a minha casa, não vou a casa de ninguém.

Amigos queridos e irmãos que moram longe, só por vídeo chamada, isso há um ano e meio.

Quando saio, é máscara, gel e distância de todos.

Minhas filhas estão perdendo momentos preciosos de sua juventude, alijadas dos amigos, das festas e da escola, acumulando cansaço físico, fadiga mental e saturação emocional com as massacrantes aulas on-line (e há quem defenda ensino à distância para crianças e adolescentes).

Enquanto isso bares e restaurantes – os mesmos dos quais me privo de ir – estão a cada fim de semana mais cheios de gente sem máscara e conversando de perto, com música ao vivo e risadas, numa completa, espantosa e absurda negação da realidade.

Agem a partir do exemplo e com o respaldo de quem deveria primar pelo zelo e pela prevenção, mas que é incapaz de cumprir regras, por menores e mínimas que sejam; alguém que, enfeitiçado pela idolatria de idiotizados, escarnece da dor dos que se foram, dos que os perderam e dos que, heroicamente, lutam todos os dias nos hospitais para que a devastação não seja ainda maior.

Sigo com minha postura, tanto por medo quanto por responsabilidade, de me preservar e preservar os outros, esperando que chegue minha vez na fila da vacina, que oscila de ritmo a cada imbecilidade dita pelo supracitado.

Por formação e fé cristã, jamais desejei a morte de alguém, por pior que a pessoa fosse.

E desde março do ano passado continuo tentando não desejar.

Mas está tão difícil quanto chegar minha vez de ser vacinado.

50 anos, a melhor idade

vento

Quando eu tinha uns 40 anos, pressentia que alguma coisa iria mudar para melhor quando eu fizesse 50.

Claro, estar em uma baita emprego, com aquele salário que dá para dois meses, é o que me passava pela cabeça que aconteceria.

Há três anos emplaquei meio século entre os mortais, e meu pressentimento se cumpriu, embora meu saldo no banco continue na minha média histórica e eu não seja CEO de nenhuma multinacional (felizmente!).

Então, o que melhorou?

Acho que cheguei à fórmula de uma equação chamada “a medida certa das coisas”.

Não tenho mais a energia dos 25 anos, de quem passava madrugada na esbórnia e chegava às seis da manhã para dar plantão de fim de semana na redação.

Tenho é uma energia muito mais bem canalizada, e por isso, em certo sentido, mais forte, porque descobri a hora em que é para tirar o pé: na comida, na bebida, na atividade física, na atividade sexual, no trabalho.

No dia seguinte, estou lá, inteiro outra vez.

Outra coisa que, cinquentão, adquiri – com o estudo da filosofia – é que sou uma peça na cadeia criada por essa força misteriosa que uns chamam de Deus, ou que gira simplesmente ao acaso quando, em nossa pequenez, a gente não sabe explicar como funciona.

Pode parecer papo de ‘riponga setentista’ de Visconde de Mauá, mas depois dos 50 passei a me perceber irmão dos bichos, das árvores, das águas e até das estrelas, sou uma peça na cadeia igual a eles, querendo funcionar bem e cumprir a minha parte para que a roda gire ao menos razoavelmente.

Dosar as forças e me sentir parte do todo me trouxeram um pouco mais de paz e sentido em estar vivo, inclusive no terror da atualidade.

Uma grande idade os 50 anos (53 agora), capaz, inclusive, de fazer com que eu não os trocasse pelos meus 25, caso fosse possível.

Sorte sua

resilienciamag.com
resilienciamag.com

Você posta um monte de coisas, quase todos os dias, e a pessoa, quando se manifesta na sua página, é sempre para discordar, criticar ou te zoar.

Jamais uma curtida, uma carinha simpática.

Coraçãozinho então, esquece.

Tudo bem, nem sempre você é muito feliz no que posta, mas alguma coisa deve ter lá seu proveito.

Na verdade, essa é uma das situações em que a vida virtual se parece com a de carne e osso.

Não há sempre aquele parente ou colega de trabalho que só aparece para te detonar, mesmo que você pinte a Capela Sistina?

Agora a sorte do dia é: você poderia ser casada ou casado com essa pessoa.

E não é.

Cagaço

pazuelo

É tão claro para mim que esse sujeito fugiu da CPI porque está com medo, que me pergunto como ele reagiria ao primeiro bombardeio que essa republiqueta de bananas em que vivemos sofresse se fizesse a burrada de entrar em guerra com algum país.

Se borraria todo na farda.

Me lembra a letra de Faroeste Caboclo: “General de 5 estrelas que fica atrás da mesa com o cu na mão”.

Pior que nem de 5 estrelas ele é.

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