50 anos, a melhor idade

vento

Quando eu tinha uns 40 anos, pressentia que alguma coisa iria mudar para melhor quando eu fizesse 50.

Claro, estar em uma baita emprego, com aquele salário que dá para dois meses, é o que me passava pela cabeça que aconteceria.

Há três anos emplaquei meio século entre os mortais, e meu pressentimento se cumpriu, embora meu saldo no banco continue na minha média histórica e eu não seja CEO de nenhuma multinacional (felizmente!).

Então, o que melhorou?

Acho que cheguei à fórmula de uma equação chamada “a medida certa das coisas”.

Não tenho mais a energia dos 25 anos, de quem passava madrugada na esbórnia e chegava às seis da manhã para dar plantão de fim de semana na redação.

Tenho é uma energia muito mais bem canalizada, e por isso, em certo sentido, mais forte, porque descobri a hora em que é para tirar o pé: na comida, na bebida, na atividade física, na atividade sexual, no trabalho.

No dia seguinte, estou lá, inteiro outra vez.

Outra coisa que, cinquentão, adquiri – com o estudo da filosofia – é que sou uma peça na cadeia criada por essa força misteriosa que uns chamam de Deus, ou que gira simplesmente ao acaso quando, em nossa pequenez, a gente não sabe explicar como funciona.

Pode parecer papo de ‘riponga setentista’ de Visconde de Mauá, mas depois dos 50 passei a me perceber irmão dos bichos, das árvores, das águas e até das estrelas, sou uma peça na cadeia igual a eles, querendo funcionar bem e cumprir a minha parte para que a roda gire ao menos razoavelmente.

Dosar as forças e me sentir parte do todo me trouxeram um pouco mais de paz e sentido em estar vivo, inclusive no terror da atualidade.

Uma grande idade os 50 anos (53 agora), capaz, inclusive, de fazer com que eu não os trocasse pelos meus 25, caso fosse possível.

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