Não morro de amores por Brasília (aliás, nos últimos anos, nem pelo resto do país).
Viver aqui para mim é muito um casamento por interesse.
Mas nem de longe acho que a construção da cidade foi um erro. Muito pelo contrário.
Não fosse Brasília, tudo aqui ao redor seria um velho oeste sem lei e abandonado pelo poder central, igual ao que era antes da capital mudar para cá (leiam Viagem à Província de Goiás , de Auguste de Saint-Hilaire) e que, em boa medida, ainda é.
Em Brasília não há uma ilha da fantasia, mas sim gente que vive em uma ilha da fantasia.
Integra as alta esferas, por exemplo, do funcionalismo público, e entrou nele não para servir à sociedade, mas, sim, se servir do Estado única e exclusivamente para conforto próprio e seu beneplácito.
Não foi apenas uma vez que escutei por essas bandas que no Brasil não existe gente passando fome (algo repetido pelo deplorável ser que ocupou a presidência nos últimos quatro anos).
Mas esse tipo de pessoa não é artigo exclusivo de Brasília.
A ilha da fantasia existiria caso a capital fosse em outra cidade, do Rio Grande do Sul a Roraima.
Talvez só não houvesse nuvens e ipês tão belos.