A deliciosa farofa do Kiss

O show do Kiss em Brasília terminou há quase 72 horas e eu ainda sinto vontade de escrever sobre ele.

Eu estava na primeira apresentação da banda no Brasil. Foi em 83, no Maracanã, o primeiro mega show a que assisti na vida. Fedelho de 15 anos, fui pelas músicas que eu ouvia no rádio, mas também pra conferir se era verdade mesmo a história de que o Gene Simmons esmagava pintinhos com aquelas botas de saltos enormes. Não era.

Qual a diferença daquele show d’antanho e o de agora? Uma baita evolução da tecnologia, que transformou o que à época já era espetáculo numa loucura batida no liquidificador com ópera e cinema, e com uma cerejinha que tem um quê de Cirque du Soleil (desculpas se pirei).

O que é igual? O vigor da banda, que se traduz não apenas na pirotecnia, mas na execução das músicas, nos solos, nos vocais, nas porradas na bateria, nos rebolados e pulos no palco.

Há um tipo de músico que dá balão no tempo: ao invés de decair rumo à decrepitude e à caricatura de si mesmo, ele faz do passar dos anos a fórmula de chegar mais ou menos perto da perfeição. Gene Simmons e Paul Stanley (principalmente) podem ser exemplos.

É claro que nos últimos dias não faltou quem taxasse de rock farofa os quatro mascarados. No geral, é gente que enche a boca pra dizer que é fã, por exemplo, do Radio Head, como se isso fosse um atestado de inteligência e bom gosto. Eu gosto também do Radio Head, mas não encho a boca por isso.

Acho que é um pouco de reducionismo enxergar o Rock’n Roll apenas por um prisma.

Penso também que nele cabe tudo. O protesto, as questões sociais, existenciais, a sátira, a alegria juvenil, a dor de corno. E também a farofa.

E roubando um pouco a ideia do Maurício Angelo, uma farofa muito bem temperada, com ovo, linguiça e bacon.

Essa mesmo que o Kiss serviu em Brasília.

Fonte g1.globo.com
Fonte g1.globo.com

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