A moça da mesa ao lado

Uma das moças na mesa ao lado no restaurante espera a irmã, que demora um pouco. É domingo, faz sol e elas são bem jovens. Portanto, a espera não incomoda.
A irmã chega fazendo cara de lamento e pergunta “Sabe aquele casaquinho que você me emprestou?”. Embora não perca a tranquilidade, a outra já sabe que boa coisa não aconteceu. “Pois é, fui lavar e ele ficou assim e assim”, e detalha o estrago, se desmanchando em pedidos de desculpas.
A dona do casaco não se abala. Dá de ombros, “tudo bem”, e ela diz que tem vários, não vai fazer falta.
É claro que esse comportamento é traço de sua personalidade, mas fico pensando que nele deve haver muito da educação dada pelos pais.
É possível que tenham ensinado que não vale a pena privar-se da paz de um domingo ensolarado por causa de coisas sem muita importância, mesmo que às vezes sejam até maiores e mais valiosas que um casaco.
É provável também que tenham cultivado nas filhas o sentimento de não competição, a não quererem, a qualquer custo e de todo o modo, ser sempre melhor do que a outra, do que os outros em todos os lugares e ocasiões.
Acho que se educarmos nossos filhos assim, no lugar do conflito teremos a harmonia; no da vingança, o perdão, e a amizade substituirá, certamente, a rivalidade.
Quando nos dermos conta, no futuro, teremos contribuído para um mundo melhor.
Aliás, na casa daquelas duas irmãs do restaurante, o mundo certamente deve ser um pouco melhor.

1 comentário em “A moça da mesa ao lado”

  1. Denise Giusti

    Belo texto, André. Concordo que a educação de berço deve estar sempre atenta para os detalhes na formação da personalidade das crianças desde pequenas, são o barro que precisam ser moldadas, corrigindo hábitos e traços nas idlividualidades de cada uma, que foram adquridos em vidas passadas.

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