A perigosa cafonice das festas country

A escola em que minhas filhas estudam decidiu que a festa junina de algumas turmas será festa country, com as crianças fantasiadas de cowboy, cowgirl ou com indumentária equivalente.

Ouço Rock’n Roll desde que me entendo por gente. Amo Blues e gosto um tanto de soul music e jazz. Adoro escritores americanos como John Fante. Portanto, nada contra a cultura americana.

Mas as festas juninas são uma das joias da coroa que é o nosso folclore, e folclore é uma espécie de cédula de identidade de um povo. Não se dispensa a nossa identidade para usar a dos outros.

Quem mora no Distrito Federal, no entanto, consegue entender essa queda cada vez mais acentuada pela cafonice das botas de salto alto, camisa xadrez, lenço no pescoço e cintos de fivela grande (que, aliás, resumem a cafonice).

O DF é um pequeno quadrilátero recortado num cantinho do estado de Goiás, e tanto aqui, quanto nas terras goianas, vive uma classe média/elite que, não obstante habitar uma das regiões mais belas do país, pensa que está (ou sonha estar) no Texas ou no Arizona.

São camadas da sociedade que mesmo favorecidas economicamente não têm acesso à cultura. E não têm por preguiça (entre as quais, a de ler), por indolência, por que preferem se empanturrar fácil com o conteúdo pasteurizado da mídia. Contentam-se com mero entretenimento raso.

Passando ao largo da cultura, não chegam nem perto do nosso folclore, e aí facilitam a invasão e a agressão de outras culturas à nossa, de costumes estranhos aos nossos. E é preocupante quando uma escola começa a aceitar, ou a nem perceber, essa invasão e essa agressão.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima