A permanência maior que concreto e ferro

Nosso Lar
FB_IMG_1508160821870

Tempos atrás escrevi em meu blog sobre o abandono do prédio onde funcionou o colégio em que fiz o segundo grau, no subúrbio do Rio.

Doeu ver a depredação de um lugar onde construí algumas de minhas melhores amizades e vivi intensamente três anos de minha adolescência.

Na semana passada, tive um baque semelhante.

As Organizações Globo fecharam e puseram à venda o lendário prédio da Rua do Russel, na Glória, zona sul carioca, endereço durante décadas de um canhão chamado Rádio Globo e de uma revolução no rádio chamada CBN.

A exemplo do prédio do colégio, lá vivi alguns dos melhores anos de minha vida, agora no plano profissional. Aliás, foi naquelas salas e estúdios onde aprendi a ser jornalista.

O que o abandono e o fechamento de dois lugares tão marcantes para mim podem significar? Me perguntei, dia desses. Só cheguei a uma conclusão: eles estão ensinando sobre a impermanência das coisas, que, no fundo, é a grande lição que precisamos aprender.

Ricardo Rodrigues, um dos chefes que tive no Sistema Globo de Rádio, disse, em meio à lamentação coletiva na rede social, que as rádios que ajudamos a fazer estarão sempre dentro de nós.

E é isso mesmo.

Aquele prédio abandonado no subúrbio da minha adolescência não é o meu colégio. O meu colégio está vivo dentro de mim, com sua algazarra de moleques e meninas.

E aquele prédio fechado e à venda não é mais onde aprendi a amar minha profissão. O prédio onde trabalhei está erguido dentro de mim, e nele continuo na labuta do ofício que amo.

O que vivi e aprendi nesses lugares – e em tantos outros – é que é perene e permanente, com uma capacidade de atravessar o tempo bem maior do que o concreto e o ferro misturados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima