Bilhete sobre a Copa.

Henrique Miranda é professor de história e poeta. Não sei se anda fazendo versos de forma sistemática, mas de quando em vez me manda bilhetes que são ótima prosa poética, como este abaixo que reproduzo aqui sobre a final de ontem, texto que, aliás, veio bem a calhar diante da minha preguiça de ontem em escrever para atualizar meu blog.

Há pouco tempo relia uma crônica do Paulo Mendes Campos e esbarrei com uma que falava de futebol. Escrevia da monotonia do futebol como burocracia orquestrada pelos temerosos técnicos tecnocratas.

Assisti à uma decisão de Copa do Mundo sem medo de taquicardia. Salvo arrancadas de Robeen, milagres de Casillas e o toque envolvente do ataque espanhol, houve um futebol de repartição pública de segunda-feira.

Depois de um almoço de domingo, e  deitado no sofá da sala, ressonei parte do primeiro tempo, acordando com bolas chutadas por João Paulo, de três dedos, que jabulavam pelo corredor e estouravam na parede da sala.

Confesso que torcia por chutes dos holandeses na esperança de ver a namorada do Casillas. De qualquer forma, no final, fomos recompensados.

Nem no segundo tempo, quando não há mais o que fazer a não ser atacar os times,  não se desprenderam de um funcional meio-campo.

Como a vida não tolera omissões, foram para a prorrogação, terra onde as pernas faltam, o ar é rarefeito e a técnica ganha o nome de raça. E esta era a pátria espanhola, onde o touro sangra, mas fica em pé até morrer.

Enquanto a Holanda insistia em contra-ataques ( o que era estranho, pois os dois times haviam avançado o meio-campo) a Espanha jogou com seu toque de bola e algum talento, mas nos estertores da agonia. 

O choro de Casillas emblemou tudo. A taça foi para mãos nunca dantes campeãs. Ah! E ganhei o bolão lá de casa: Forlan o melhor

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