Pelo fim do impedimento

A grande discussão da Copa do Mundo vencida pela Espanha certamente foi o uso da tecnologia para auxiliar a arbitragem. Outra, no entanto, talvez seja tão necessária quanto, e é ainda mais antiga.

Alguém consegue explicar – ou antes entender – qual a finalidade do impedimento? A mim não parece outra senão a de impedir a principal razão de um jogo de futebol, o gol. Talvez até por isso mesmo a regra tenha esse nome.

Aliado das retrancas por natureza de sua criação, o impedimento é como um tribunal inquisitor que manda para a fogueira o passe preciso e a vivacidade do atacante que se antecipa ao zagueiro tosco, pesado e de vocação para botinadas.

Quantos lindos gols ao longo da história não morreram no parto por causa do veneno abortivo do impedimento! E tudo porque o ataque fez seu papel em prol da alegria do jogo: ser mais rápido que a defesa, que acaba sendo premiada em seu erro. Se o defensor não viu que o adversário estava sozinho na área, problema é dele, do zagueiro. Mas não, no entender do tribunal carola puna-se a esperteza, o talento de se desmarcar para buscar a felicidade do torcedor.

Mas se fosse assim, os atacantes viveriam na “banheira”, ou seja, sempre adiantados em relação aos zagueiros, é a alegação dos que defendem a regra que privilegia a defesa. E qual zaga seria louca de deixar livre na cara do gol, por exemplo, o Romário campeão de 1994? Se deixar, melhor para o espetáculo.

4 comentários em “Pelo fim do impedimento”

  1. O fim do impedimento só faria aumentar o número de gols e acabar com esse negócio de anular um gol por milímetros. Além de muitas outras questões que tornam o impedimento ridículo. Um jogador da defesa lá na lateral dá “condições de jogo” a um atacante mesmo estando a dezenas de metros de distância, enquanto que três zagueiros há cinco centímetros atrás dele não dão, mesmo com a bola ainda sendo alçada de longe. E por aí vai. A única objeção que pareceria plausível seria a banheira, mas na medida em que o time que defende coloca um jogador para marcar o banheira, isso só vai acarretar necessidade de adaptação tática a esses fatos novos. Só isso. E o banheira vai valer pros dois lados. Se um time coloca um cara na banheira, o outro vai poder colocar também. Ninguém vai ficar proibido de fazer isso. E que vença o melhor. E que nunca mais a gente tenha que assistir campeonatos sendo decididos nos pênaltis.

  2. Allguém jogou alguma pelada onde quatro zagueiros tinha que estar antecipados ao atacante para não haver impedimento? Não. Das dezessetes regras do futebol taí uma que não faria falta, ao menos, claro, se fosse dentro da área, aí seria penalti.

  3. Eu sou a favor, não tanto pelo número de gols que isso possibilitaria (na verdade quando se introduziu a regra da mesma linha a idéia já era valorizar o gol), mas simplesmente porque é muito difícil para arbitragem. Basicamente o cara tem que olhar para 2 coisas ao mesmo tempo. Mas parece que os caras que mandam investem no erro, taí os juízes da copa que não nos deixam mentir.

  4. André, acho que se não tivesse impedimento haveria muitos mais gols com certeza, mas perderiamos um pouco de emoção. Acho que viraria um basquete em tamanho maior.

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