Colofão

boy playing a guitar

gol

Não fazia a mínima ideia do que era colofão. Até que o Eduardo Lacerda e o Ricardo Escudeiro me pediram um para o meu primeiro livro de poemas – Os Filmes em que Morremos de Amor -, que já tá lá no forno da Patuá. A página da editora ( http://www.editorapatua.com.br/), explica que colofão é um texto que “deve relacionar uma experiência particular do autor com o livro e com a proposta da editora, a de que livros são amuletos”.

Me empolguei com a ideia e acabei escrevendo dois. Eles lá que escolham um.

1.
E como desde a década de 90, por ocasião de uma namorada difícil de conquistar, Melquíades Anatole não escrevesse sequer um único verso, já não mais se considerava poeta. Até que Mardochil, seu sábio de bolso para situações de baixa estima, soprou-lhe no melhor ouvido: “Sabe aquela batida de trivela que você deu na tampinha de refrigerante outro dia na porta da funerária?” Sim, Melqui se lembrava. “Pois é, só os poetas conseguem bater de trivela numa tampinha de refrigerante, fazendo com que ela levante voo e entre na gaveta, entre o asfalto e o chassi do carro, triscando o pneu traseiro como se fosse trave. E ainda comemorar achando que foi realmente gol”.

2.
Num domingo chuvoso de 1985, aos 17 anos completos, Anastácio Jochen Mass convenceu-se de que jamais seria guitarrista, devido à total inépcia para fazer vibrar as cordas do instrumento. Subir o Himalaia de joelhos lhe seria mais palatável que algum dia solar Starway to Heaven. Até que Mardochil, seu sábio de bolso para situações de baixa estima, apareceu-lhe pela primeira vez e recomendou: “Escreva poesia!”. Sem entender, Jochen desprezou o conselho: “Eu quero fazer barulho, poesia não faz barulho…”, ao que o sábio redarguiu de bate pronto: “Faz sim! Dependendo de quem ouça, faz muito barulho. Faz tanto barulho, que é capaz de deixar o sujeito sem dormir”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima