A poesia como prece 11: Parangolares, de Aroldo Pereira

Eu tinha dezessete anos quando conheci a poesia de Chacal.

Até então, eu escrevia sonetos. Exatamente, em plena década de oitenta, um adolescente escrevendo sonetos.

Nada contra, mas não era a linguagem da minha geração.

Quando li os poemas de Chacal, com aquela gíria poética, aquele lirismo urbano, aquele clima/ar Rock’n Roll, minha cabeça virou. Minha cabeça e minha poesia. Comecei, então, a construir minha própria linguagem como poeta e, alguns anos mais tarde, como contista.

Pois bem. Eu não fazia ideia de quem era Aroldo Pereira e, muito menos, do que era sua poesia.

Até que, em 2022, ele me convidou para ser homenageado no Psiu Poético, em Montes Claros, o que foi uma de minhas maiores e mais maravilhosas experiências literárias.

Ainda assim, fiquei sem conhecer os poemas de Aroldo Pereira.

Até que uns dois meses atrás, ele veio a Brasília lançar o seu Parangolares.

Li o livro do Aroldo como quem come amendoim tomando cerveja: sem parar, e a cada poema me voltavam à lembrança aqueles tempos em que minha poesia deu uma cambalhota.

Aroldo fazia minha cabeça sem saber que fazia; e eu também não sabia disso.

Até 2023, eu e ele não sabíamos que eu já estava parangolando há quase 40 anos.

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