Enxugamento às custas da vida humana

Aílton Freitas / Agência Globo
Aílton Freitas / Agência Globo

A imprensa de Brasília traz a informação de que o departamento responsável pela manutenção dos viadutos da cidade, entre eles o que desabou e milagrosamente não matou ninguém, deixou de gastar mais de R$ 4 milhões na manutenção dessas edificações que passam sobre as cabeças de milhões de moradores da capital do país.

O responsável pelo departamento, que já foi decapitado pela caneta governamental no furacão da crise provocada pelo desabamento, não explicou – eu pelo menos não vi – o motivo de o dinheiro não ter sido gasto.

Com razão, um dos órgãos da imprensa candanga arrisca que a razão foi a austeridade fiscal, compromisso primeiro dos governos no Brasil e lá fora com o mercado financeiro.

Se há algum acerto fiscal do administrador em uma medida como esta, há, no mínimo, um inominável erro político (isso para não entrar no mérito do descaso com a vida da população). Em ano de eleição, uma tragédia provocada por omissão do poder público pode acabar com a pretensão de qualquer governante.

A julgar pelo fato, as contas públicas estão valendo mais do que nossas vidas.

Vale o balanço no fim do mês (pra efeito de marketing, aliás, porque, convenhamos, a despesa nunca é cortada onde realmente deve), mesmo que a cidade desabe ao nosso lado ou em cima de nós.

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