Literatura só presta se “cortar o coração” (ou lembrete a nós, modernos)

Éramos seis

Nos dias de hoje, certamente Maria José Dupré teria que escrever de modo diferente seu maior sucesso e um dos maiores sucessos da literatura brasileira.

Consigo imaginar críticos taxando de excessos e pieguices vários trechos de Éramos Seis, e também autores que ministram oficinas de escrita criativa mandando que ela reescrevesse tudo.

Lendo com os olhos da literatura de hoje esse clássico, que este ano completa 80 anos da primeira edição, minha inclinação é dar razão aos meus colegas contemporâneos, mas há um elemento crucial em Éramos Seis que faz com que a obra sobreviva a todas essas décadas e que, certamente, a manterá viva por outras que virão.

O livro mais famoso dessa autora, cuja literatura infanto-juvenil marcou a iniciação de muitos leitores, “corta o coração”, como talvez dissesse a própria Dona Lola, narradora e personagem principal da história de uma família de classe média baixa de São Paulo.

E se não “cortar o coração”, literatura não presta, não serve para nada, mesmo que utilize as mais modernas, ousadas e inovadoras técnicas de escrita.

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