No país da intolerância à opinião contrária, a liberdade de expressão obteve uma vitória expressiva no Supremo Tribunal Federal.
Todos os nove ministros presentes à sessão desta quarta-feira (10) decidiram que biografado e muito menos a família dele precisam autorizar a publicação de um livro sobre sua vida.
9 x 0, uma goleada a favor da democracia. Uma brasa, mora?
A decisão do STF vai impedir que a sociedade seja privada, como foi durante certo tempo, de ler, por exemplo, A Estrela Solitária, de Ruy Castro, sobre a vida de Garrincha. Um espetáculo de livro.
Parece que finalmente vamos saber o que Paulo César de Araújo conta sobre Roberto Carlos em Detalhes, o polêmico livro que praticamente ninguém conseguiu ler, pois a exemplo do que fez com o livro de Ruy, a Justiça preservou o Rei de que passagens obscuras sobre sua vida subissem ao palco iluminado da informação e do conhecimento público.
Como fã de Roberto em seus discos dos anos 60 e 70, quero sim muito saber como, afinal, ele perdeu parte da perna, uma coisa sobre a qual ele nunca se manifestou, mas que, apesar de seu silêncio, é notória como marcou sua vida. O que, aliás, não era para menos.
Submeter a publicação de uma biografia ao famoso ou à família dele é a mesma coisa que um jornalista submeter sua matéria à autoridade sobre quem ele está escrevendo.
Aos famosos que se incomodarem com suas biografias, há o caminho dos tribunais. Entrem na Justiça contra o autor, para que desminta o que por ventura for mentira. Isto, inclusive, está mais do que previsto na decisão do STF.
Com a decisão do STF, será bem simples não correr o risco de ser biografado: é só não se tornar famoso.
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