O posto de semideus está vago

O brasileiro possui uma tendência incontrolável para idolatrar pessoas. E como sou um homem de comunicação, é notório que somos nós, em nossa necessidade de criarmos super heróis, semideuses que alimentem nossa audiência, os responsáveis por colocar lenha nessa fogueira.

Geralmente, são atletas; muitas vezes, atores e atrizes. Quase nunca autoridades.

A maneira avassaladora como veiculamos as imagens desses idolatrados não deixa à sociedade muita chance de refletir sobre o fato de que eles nada mais são do que…pessoas, imperfeitas, sujeitas a errar a cada instante do dia.

De vez em quando, vem o baque: o tal atleta perfeito competia dopado, o ator maravilhoso agredia a mulher. E a isso reagimos com desfaçatez, como se não fôssemos ótimos em erguer pedestais.

O ministro Joaquim Barbosa foi alçado a super homem (aliás, batman), redentor da moralidade de uma nação capenga de ética, de honestidade aleijada. Na época do julgamento do mensalão, não houve interesse em observar se o discurso duro e as atitudes contundentes poderiam, em alguns casos, ser interpretados como arrogância e prepotência, características do ser humano, de quem tem osso sustentando músculos e pele, como qualquer um.

E agora Joaquim Barbosa, que pela linha sucessória pode sentar na cadeira de Presidente da República, chama um repórter de palhaço e o manda chafurdar no lixo.

Acho que haverá vacância no cargo de super herói.

Precisamos fabricar outro semideus.

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