Poema finalista

Meu poema Agosto, da Série Calendário, é finalista do Prêmio Off Flip 2024.

Nesse print da relação de finalistas, ele aparece ao lado de meu pseudônimo, Etta James, homenagem a uma das divas do Blues.

Agosto ganhou uma versão belíssima em vídeo feita pelo poeta Rogério Bernardes.

O resultado final do concurso é esperado para os próximos dias, mas estar entre os finalistas, para mim, já é prêmio. O que vier é lucro.

Agosto

Folhas duras caem ao modo
De uma lisérgica
Chuva bíblica ressecada.
A depender do ângulo
O tímido sol do inverno cínico
Lhes emprestará
Fantasia de leves
Pepitas de ouro.
Um morno vento breve
As envolve em ciranda
De redemoinho
E quase involuntariamente
pedimos que vá embora
O que é velho
O que acabou
E precisamos aceitar.
Repentinamente otimistas
Enxergamos
Nesse movimento
Incentivo a revoluções
Que comecem
Por nossas próprias vidas.
Colegiais blasfemam
Contra o fim das férias
um cansado herói da segunda guerra
ergue um dedo para
lembrar aos que não viveram seu tempo:
mês de presidentes mortos!,
e os ipês amarelos
berram entre buzinas e motores
da ardida tarde de fumaça no horizonte
e desespero de pássaros
tatus e cobras na reserva em chamas.
Mês do desgosto…
Quanta injúria
Na pobre rima cretina
E no posto de ser apenas
O consolo de que setembro não tarda.

1 comentário em “Poema finalista”

  1. Luiz Eduardo de Carvalho

    Belíssimo poema imagético. Identifiquei o cenário claramente, pois conheci Brasília num mês de agosto, com sua miríade de ipês amarelos, roxos e brancos em plena florada! Parabéns, será um grande acréscimo vê-lo na coletânea Off FLIP. Torcendo aqui para que vença o concurso!

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