Ronaldo Costa Fernandes – Outro grande poeta maranhense

Por Alexandre Pilati

 

Nas últimas semanas a badalação em torno do poeta maranhense Ferreira Gullar, vencedor do prêmio Camões foi enorme. Esse é o maior prêmio literário em língua portuguesa e merecidamente contemplou a obra de Gullar, que é autor de livros belíssimos, já tornados clássicos da literatura brasileira como Dentro da noite veloz e Poema sujo.

Se a badalação em torno do maranhense Gullar não é sem merecimento. Entretanto, também merece o nosso reconhecimento outro autor maranhense, radicado em Brasília, que é responsável por uma das mais sólidas obras literárias da contemporaneidade. Seu nome é Ronaldo Costa Fernandes, ele reside em Brasília e acaba de vencer, com o livro A máquina das mãos, o prêmio da ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS de 2010. Ele receberá um diploma e R$ 50 mil em cerimônia a ser realizada no Petit Trianon, no dia 20 de julho, quando se comemora também o 113° aniversário da ABL. É claro que o reconhecimento, para um autor discretíssimo como Ronaldo, é mais importante do que qualquer quantia em dinheiro, que nesse caso não é nada desprezível. Como poucos, ele merece ter seu trabalho premiado, pois seu primeiro compromisso é mesmo com a literatura e não com o que está “em torno” dela.

UM POUCO SOBRE O PREMIADO RONALDO COSTA FERNANDES

O poeta e romancista Ronaldo Costa Fernandes mora em Brasília e é Doutor em Literatura pela UnB. Durante nove anos dirigiu o Centro de Estudos Brasileiros da Embaixada do Brasil em Caracas. De volta ao Brasil, em 1995, foi Coordenador da Funarte de Brasília até o início de 2003.

Na premiada carreira literária, ganhou o Prêmio Casas de las Américas com o romance O Morto Solidário, traduzido e publicado em Havana, Cuba, pela mesma Casa de las Américas e, no Brasil, pela editora Revan. Ganhou, entre outros, os prêmios de Revelação de Autor da APCA e o Guimarães Rosa. Na área do ensaio, publicou em 1996, pela editora Sette Letras, o livro O Narrador do romance, prêmio Austreségilo de Athayde, da UBE-RJ. No final de 97, Ronaldo publicou o romance Concerto para flauta e martelo, pela editora Revan, que foi finalista do prêmio Jabuti-98. No ano de 1998, saiu o livro de poesias Terratreme livro que recebeu o Prêmio Bolsa de Literatura, pela Fundação Cultural do DF.

O livro premiado: A máquina das mãos

 

A máquina das mãos é um livro em que a experiência pessoal do poeta se transforma em poemas de excelente nível, nos quais se casam a emoção e a execução apurada dos versos. Uma característica forte do poeta é o rigor no tratamento com a palavra, que, entretanto, não exclui a aventura e a transgressão.

Esse é o quinto livro de poesia de Ronaldo Costa Fernandes que tem uma poética de Ronaldo Costa Fernandes é dotada de um sentimento trágico da vida. Nele, se cria um repertório conceitual e imagético de força impressionante a partir de elementos cotidianos, como por exemplo o rock’ roll. Em A máquina das mãos, há um sentimento tragicômico diante das futilidades do dia a dia é revestido pela agudeza crítica, humor afiado e um lirismo surpreendente.

Um poema

Rock and roll

O rock rói a roupa do rei

No rock tudo é elétrico

deste o trio até meus nervos.

Sou o pai, o filho

e o Espírito de Porco.

O rock and roll

em seu Jimido de Hendrix

O rock around the clock

meu medo de ferro

minha alma soul

Soul dissonante

Soul que reverber

amplificado seja vosso rock

Geme Joplin

O rock é um estoque de madeira

Coffin rock station

uma viagem sem fim

como a morte

que tem gare para embarcar

mas não tem estação para chegar

* Por causa das transmissões dos jogos da Copa do Mundo, o bate-papo literário entre eu e Alexandre Pilati não está indo ao ar em seus horários normais. Mas você confere nos fins-de-semana em horários alternados na BandNews FM, 90,5 – Brasília..

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