Eu me encontrei nessa história de fazer trilha.
Caminhar pelo cerrado adentro pode ser, antes de tudo, um passeio por você mesmo.
Debaixo do sol, pisando firme a terra arenosa, se embrenhando pelas árvores tortas, a mais típica característica do bioma, e tomando os caminhos coloridos por flores exóticas, como a caliandra e o chuveirinho, ao som da trilha sonora dos pássaros e do correr das águas, nos sentimos irmanados a tudo isso, e ainda ao vento, às nuvens e ao próprio céu azul.
Sim, tudo isso é peça da criação, como nós somos.
Não somos um elemento apartado de toda essa obra majestosa; nós também somos a criação e o que chamamos de natureza.
Quem sabe se no dia em que enxergarmos esse pertencimento, descobriremos que se não quisermos desaparecer por causa da fome, da sede ou engolidos pelos mares e pelas enchentes, não resta saída além da preservação.
O problema é que enxergarmos isso é a cada minuto mais urgente
Penso exatamente como você, meu caro. Somos um elo da mesma corrente, um filamento do mesmo DNA. O problema é que temos muita dificuldade de enxergar o óbvio. Como dizia o filósofo João Cabral Duarte Jr: se vivêssemos debaixo d’água, provavelmente a última coisa que perceberíamos seria a água.
Somos um, somos parte desse mundo… não somos o mundo e o mundo não gira em torno de ninguém…
Me parece, infelizmente, que a grande maioria ainda não entendeu isso: que temos todos a mesma origem e estamos todos absolutamente interligados. Parabéns pelo texto tão inspirado.
Urge que cuidemos dao nosso entorno, assim como do nosso interior.
“Pra que assuma o comando o que realmente importa” (A.G.)
Urgentíssmo !
Ótimo texto, ritmo perfeito como águas de um riacho, como o balançar das palhas do buriti num momento de branda ventania.
A leitura dos seus textos, André, são sempre bons momentos.