A felicidade é uma salada verde

Não sou nenhum consultor na área, não tenho  formação em psicologia ou em qualquer outro campo da saúde mental, mas tenho uma vidinha que se aproxima do meio século de existência de um modo mais rápido do que eu gostaria.

A partir disso, é possível falar que um dos grandes progressos no campo emocional é quando nos damos conta de que não precisamos realmente de ninguém para sermos felizes. Precisamos sim de companhia: namoradas (os), amigos e bons colegas de trabalho, dada a nossa condição de seres por natureza sociáveis. Mas atenção! Não confunda essa querência (justa, inclusive) de boa companhia para o desfrute de bons momentos nos vários níveis da convivência humana com o falso papel – e responsabilidade – de outrem em nossa felicidade.

morandosemgrana.com.br/
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Essa carga que colocamos no ombro do alheio é a grande esparrela em que caímos quando estamos apaixonados.

Paixão é cortina de fumaça que muitas vezes encobre defeitos e desvios de conduta e caráter. E como é fumaça, o vento acaba levando em algum momento.

Aí, tomado o tombo da realidade, o objeto da paixão pode, não raro, ficar em nossa mente como aquela comida que nos fez passar a noite em claro, sentindo as forças se esvaírem em vômitos, perturbando a madrugada em paz dos vizinhos. Sabe aquele cachorro quente em óleo velho que um dia você comeu voltando pra casa da balada? Pois é.

Mas quando a gente sabe que ninguém, além de nós mesmos, tem a senha do cofre da nossa felicidade, a gente namora, transa e sai com os amigos como alguém que comeu uma deliciosa salada verde com verduras frescas e um filé de tilápia grelhado com ervas finas.

Poesia nua – Calendário 2015

Fotos Estefânia Dália e Bina Moura Arte Marina Mara
Fotos Estefânia Dália e Bina Moura
Arte Marina Mara

A cena da poesia feita em Brasília começou a se movimentar em 2015 com o lançamento do Calendário Poesia Nua, projeto idealizado por Marina Mara e do qual participam outros 14 poetas, entre eles este que vos escreve.  O calendário foi lançado nesta terça-feira, 27, no Lounge Poético do Balaio Café, na 201 norte, em Brasília.

Todos nós, e também Marina, fomos captados pelas lentes de Estefânia Dália e Bina Moura. As fotos, que ganharam o acabamento gráfico da Marina Mara – essa faz tudo – nos mostram desnudos em diversos níveis, mas, acima de tudo, vestidos da coragem de mostrar nossa poesia pão nosso de cada dia.

O resultado é um trabalho belíssimo a ser usado na vida prática dos leitores, já que se trata de um calendário em que, além de nos mostrarmos num ensaio sensual/artístico/poético, traz pequenos textos a serem “despidos” pelos olhos dos leitores ao longo dos doze meses deste ano da graça de 2015 que já passa depressa.

O que for arrecadado com as vendas será destinado à produção dos livros dos poetas participantes.

Quem quiser adquirir o calendário e acompanhar o passar dos dias de uma forma menos óbvia do que na folhinha que a padaria da esquina ofereceu no fim do ano ou aquela que o gerente da Caixa Econômica te deu com tanta boa vontade, entre em contato com a Marina Mara ou com o Lounge Poético no feici búqui, e que, copiando o que pus em algumas dedicatórias na noite de lançamento, que o seu 2015 seja repleto de poesia.

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Poetas nus em Brasília!

Por Marina Mara

Após receber das editoras e editais alguns “nãos” e vários “qualquer coisa a gente entra em contato”, quinze poetas de Brasília tomaram uma decisão inusitada: posar nus em um calendário para arrecadar fundos para publicar seus livros.

O projeto chama-se Poesia Nua e será lançado em Brasília no Lounge Poético, dia 27/01, em um sarau erótico, onde os calendários serão autografados pelos “modelos”. Os poetas do projeto têm entre 19 e 61 anos, são homens e mulheres com diferentes vivências, mas com algo especial em comum: o amor à poesia. As artes gráficas e a produção do projeto são de Marina Mara, a poeta-pelada do mês de março que já tem um histórico em projetos inusitados de circulação de poesia pelo Brasil. Segundo Marina, “nossa poesia teve que se desnudar da burocracia do mercado literário para chegar até o leitor – e isso foi libertador.”
O calendário Poesia Nua contou com o apoio da WL Comunicação Visual, do Lotus SPA, da parceria da Mirah Fotografia e apresenta 15 ilustrações que mesclam a arte do renomado artista britânico Banksy com a fotografia das brasilienses Estefânia Dália e Sabrina Moura.
O Poesia Nua prevê, após arrecadar fundos, o lançamento de uma coletânea com 15 livretos com poemas dos poetas do projeto, que são:
Àgata Benício, André Giusti, Aurea Valentina, João Pacífico, Lindha Torres, Maísa Arantes, Mana Gi, Marina Mara, Melissa Mundim, Paula Passos, Prem Supunya, Seirabeira, Tairo Loiola, Tati Carolli e Vanderlei Costa.

Para mais informações: marinamara@gmail.com

Calendário Poesia Nua 2015
Calendário Poesia Nua 2015

 

 

Poesia

Enquanto não publico meu livro Os Filmes em que Morremos de Amor, vou postando os poemas na minha fã peigi no feici búqui. Um deles é este, que integra uma sequência chamada O Rio de janeiro, fevereiro e março, sobre o cada vez mais quente verão carioca. Dá uma conferida lá. O endereço da página é este: https://www.facebook.com/home.php . Boa leitura.flamboyants

O Rio em janeiro, fevereiro e março.

V.

Os flamboyants sangrando
nos galhos suspensos
são corais que se entediaram do mar
e foram viver nas árvores.
Outras flores
de nomes confusos
esperam entardecidas
o vento furioso
de um provável temporal.
O sol é um tigre asiático,
devora meus ombros
com fome de três dias.
Samambaias avencas
begônias jiboias
por trás dos muros que fervem
rezam pela misericórdia
da brisa.
As sombras heroicas
irredutíveis
montam guarda
embaixo das mangueiras
das amendoeiras
e aguardam que cheguem
suas irmãs noturnas
recortadas pela lua.
Deus é um pintor de horas vagas
que carrega nas cores
de vez em quando.
*
(1995)

Rádio Caipira

Não é minha praia musical – os que me conhecem sabem -, mas vale muito a pena, muito mesmo, ouvir o Brasil Caipira, com o Luiz Rocha, na Rádio Câmara, 96,9 FM, Brasília. Música caipira de raiz, que, pela autenticidade, se assemelha a uma das minhas paixões, que é o blues de Chicago.

Atenção! Não é sertanejo de quem pegou a mulher na cama com três, é moda de viola traduzindo o sentimento do homem do campo, sentimento que apesar da incontrolável urbanização da população brasileira ainda representa bastante a alma do nosso país. O programa é pra quem pula da cama com as galinhas, começa às cinco da matina.

Aí você aproveita e logo em seguida, às 7h30, ouve o Com a Palavra, noticiário que estou apresentando agora em janeiro – nas férias da titular, Elisabel Ferriche – ao lado do Lincoln Macário Maia.

Confira!

http://www.camara.leg.br/internet/radiocamara/?lnk=RADIO-AO-VIVO&selecao=VIVO

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