Cinismo cúmplice do preconceito

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Honestino

Há em Brasília três pontes que cruzam o Lago Paranoá, o maior patrimônio natural da cidade (lago que, aliás, é artificial).

Uma dessas pontes chama-se Costa e Silva.

Em um de seus raros momentos de serventia à sociedade, a Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou projeto mudando o nome da ponte para Honestino Guimarães.

Honestino significa para a cidade, em termos de luta contra a ditadura, o que Edson Luis significa em âmbito nacional.

O colega Felipe Berlim se indigna no feici búqui com comentários do tipo “tem coisa mais importante pra fazer” ou “o que esse Honestino fez pela cidade?”

Em outro post, dessa vez do também amigo Marcos Rangel, há igualmente justa indignação contra os ataques racistas sofridos pela jornalista Maria Júlia, a moça do tempo da vez no Jornal Nacional.

A postura do primeiro tipo de internauta não é, certamente, tão repugnante quanto a do segundo tipo, mas são primas íntimas, quem sabe irmãs.

Se o primeiro tipo não ofende – em tese – negros, nordestinos, gays e etc, é certamente alguém que não se manifesta contra a atitude do segundo tipo. E possivelmente na calada de seu cinismo concorda com os xingamentos.

E igualmente ilustra o povo preconceituoso que na verdade é o tal do brasileiro cortês, gentil e simpático.

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