Burocracia parasita

burocrata

Entre as condições exigidas para que um escritor participe do Prêmio Cidade de Belo Horizonte de Literatura estão a obrigação de que ele não tenha qualquer dívida com o Estado e que a obra inscrita seja totalmente inédita, que não tenha sido publicada nem mesmo uma parte ou um pequeno trecho.

Se quiser ser premiado, o escritor não pode estar devendo sequer uma parcela do IPTU, caso contrário a secretaria de Fazenda da cidade e do estado onde ele mora não vai liberar a tal certidão negativa de débitos, exigida pelo edital.

Além de escrever muito bem, precisa ser um excelente pagador de impostos (impostos nem sempre revertidos para sua finalidade), não interessando se esteja, por exemplo, desempregado, ou com alguma dificuldade para fechar as contas no fim do mês, algo recorrente na vida do brasileiro comum.

E também nem pode ter publicado um poeminha besta pra namorada, que faça parte do livro, na sua conta no feici búqui, cinco anos atrás, em um domingo chuvoso, que nem ele mesmo se lembra que publicou, quanto mais alguém que, por acaso, tenha lido.

Tratam a internet como se fosse uma exceção na nossa rotina, algo a que quase ninguém tem acesso.

Também na literatura, a burocracia, essa parasita da vida nacional, se puder complicar, jamais vai facilitar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima