Coletânea para o aniversário de Brasília.

Seis escritores de Brasília formatam uma coletânea de textos sobre a cidade em homenagem aos 50 anos de fundação da capital do país. Em 150 páginas, os seis destacam em prosa e poesia não apenas a cidade, mas principalmente seus moradores, seus personagens – dos mais famosos aos anônimos – do passado e do presente.

A coletânea junta poemas, crônicas e contos de Nicolas Behr, José Rezende Jr., Pedro Biondi, Liziane Guazina, Fernanda Barreto e meus também.

Nicolas Behr, todos conhecem, é autor de Iogurte com Farinha e tantos outros livros que o tornaram uma espécie de embaixador da poesia de Brasília, explicando nem tanto a capital do poder, mas muito mais a cidade e seu pulso a partir da Rodoviária do Plano Piloto.

José Rezende Jr. (A mulher gorila e Eu perguntei ao velho se ele queria morrer, 7Letras) percorre caminho parecido, mas com os minicontos. Em poucas linhas resgata o anônimo candango que ergueu os palácios e as quadras de Brasília e inquieta-se com a qualidade de vida da cidade se perdendo um pouco a cada dia.

O paulista Pedro Biondi, autor de Cheiro de Leoa (Editora Limiar), mostra em prosa e poesia o baque de quem chega à capital e depara com algo totalmente diferente de tudo que existe no Brasil. Ele traduz em poemas ou crônicas o espanto pela setorização de tudo na cidade, o castigo da seca e o alívio da chuva.

A temática é, até certo ponto, semelhante nos textos que Fernanda Barreto escolheu pôr na coletânea. No caso de Fernanda, há também o cerrado exótico que encanta e a cidade diferente que desafia o entendimento de quem a vê pela primeira vez. E na cidade onde também moram pessoas normais, segundo Nicolas Behr, homens e mulheres se amam em bares e monumentos. Para azar dos leitores, Fernanda Barreto é a única ainda inédita em livro, mas dá para conferir o que escreve em http://transitivaedireta.blogspot.com/  .

Pessoas. É esse o material que Liziane Guazina leva à coletânea sobre Brasília. Autora do ótimo Entre Facas (Nova prova, 2009), a autora gaúcha, há muitos anos na cidade, escarafuncha o universo de burocratas, homens, mulheres, velhos, jovens, mendigos. Por trás deles, a cidade grita em silêncio.

Por fim, levo para a coletânea dois contos que acabaram não entrando em meu último livro, A liberdade é amarela e conversível. E não entraram justamente porque tratam particularmente de Brasília, do universo particular dessas quadras e prédios por onde já circulo há 12 anos e que tanto já colocam seu gosto e seu tempero no que escrevo. Ficaram esperando uma ocasião para se juntar a trabalhos de outros autores, irmanados pelo tema.

Reunidos estão textos que fugiram da linearidade, a começar pelo tamanho. Brasília é contada por nós em poemas de uma linha ou em contos de 15 páginas. Ainda assim, entraram em harmonia.

O livro não vai levar ao leitor a visão ufanista da cidade, nada de Brasília capital da esperança, o sonho de JK, o leite e o mel. Nossa Brasília é a que é real, e a amamos porque ela é de carne e osso em seu concreto, ferro, barro e vegetação.

Com tratamento gráfico de Bruno Schurmann, a coletânea deve ser lançada entre a segunda quinzena de abril e a primeira quinzena de maio.

Aguardem.

ps: na internet, duas promoções com meu livro A liberdade é amarela e conversível. Uma no blog Livros & Literatura, no endereço http://livrosliteratura.blogspot.com/  . A outra, na comunidade Viciados em livros, que reúne mais de 90 mil pessoas no Orkut . Acessem o link. http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=82025&tid=5444662038922816730 .

Participem!

6 comentários em “Coletânea para o aniversário de Brasília.”

  1. Desculpe escrever por aqui, mas preciso saber como achar a reportagem veiculada na Radio Band News, no sábado dia 17-07-2010, por volta das 18:30 horas, sobre valorização de imóveis nas Capitais do Brasil. (ass) seu admirador a muito tempo, Jorge.

  2. Pingback: Brasília 24h « Cheiro de Leoa

  3. Brasília tem um gosto especial para mim, pois meus tios amados moram aí. Essa coletânea promete. Espalhe a notícia que estou na fila. Ah, não esqueça de mandar detalhes para eu divulgar lá no Sobrecapa. Bjs

  4. claudio angelo

    edu, nicolas behr é pai do raul behr? eu estudei com ele…

  5. Visitei Brasilia duas vezes. Na primeira, 1971, eu era un mochileiro argentino fugindo da responsabilidade de pensar numa carreira universitaria. Na segunda, o ano pasado, já era um arquiteto apaixonado pela cidade e seus habitantes, especialmente por uma de elas, gaúcha e jornalista, e fã das tesourinhas. As fotos de Nicolas Behr quando ele chegou a Brasilia nos 70 e os textos de Fernanda de hoje, tao bárbaros e invasores completam essa ponte que comunica minha vida desde o passado ao futuro. Delicia de livro que esperamos ler logo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima