Crônica sobre a leve esperança de que as coisas estejam mudando.

Esta semana serão ouvidos os acusados de participarem da bandalheira na política do Distrito Federal. Vão depor mais de quarenta pessoas acusadas de pagar ou receber dinheiro e escondê-lo em meias, bolsas, envelopes ou mandar comprar os panetones da desfaçatez.

Pensando na relação histórica e amorosa que no Brasil os corruptos poderosos mantêm com a impunidade, é de se espantar que os envolvidos no esquema estejam atrás das grades há mais de 45 dias. Entre eles, um ex-governador e um ex-secretário de governo. Sobre este, Wellington Moraes, pesa a seguinte particularidade. Como responsável pela área de Comunicação do Governo do Distrito Federal há mais de uma década, exercia pesada influência sobre diversos órgãos de comunicação na capital do país, fazendo prevalecer, em muitos casos, o interesse de quem estivesse sentado no principal trono da política regional. Preso no complexo da Papuda, bem longe da cela individual em que Arruda – dizem – caiu em depressão, Wellington está confinado em um presídio comum junto com outros acusados pela sangria dos cofres públicos. Há informações de que ocupam a mesma cela, que ficam olhando um para a cara do outro o dia inteiro, sem a privacidade que possuíam em seus gabinetes para as conversas cujo conteúdo a sociedade descobriu pouco tempo atrás. Privacidade nem na hora de ir ao banheiro, fazem o que têm que fazer na frente uns dos outros. Imagine isso na cabeça de quem tinha o mundo a beijar seus pés.

A situação, bem melhor do que a dos presos de outros estados do Brasil, pode ter duas interpretações. Ou ainda não sabemos da missa metade do que essa gente aprontou com o dinheiro o público – e do que talvez tenha tentado para cima de alguém graúdo da Justiça-, ou o país está mesmo revendo sua postura indecente frente à impunidade.

         E antes que eu me esqueça: A Câmara Distrital vai escolher o sujeito que governará o DF até 1º de janeiro. Entre as regras para a eleição, estava a obrigatoriedade de o candidato ter ficha limpa, mas desistiram da exigência na última hora. Vai ver que se deram conta de que assim corria o risco de nenhum deles poder se candidatar.

2 comentários em “Crônica sobre a leve esperança de que as coisas estejam mudando.”

  1. Hugo Giusti

    É isso aí!
    Onde já se viu ficha suja, poder se candidatar a cargo público. É coisa de máfia. só no Brasil.

  2. Lembro de um jovem repórter esperando uma decisão inédita, de uma juíza,até então desconhecida. Denise Frossard. Ela mandou a cúpula do jogo do bicho para a cadeia. O jovem repórter, incrédulo, liga do ORELHÃO para a redação e histérico passa a notícia. Sim há leve esperança. Assim como são leves os comprimidos que nos aliviam as dores e curam doenças.

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