Dicas de leitura

Lendo

Tenho lido muitos autores contemporâneos para saber como os caras do meu tempo e que fazem a mesma coisa que eu faço estão digerindo essa sociedade aparentemente absurda.

A pretexto de dica, uma palhinha sobre quatro livros que li recentemente.

Começo com Quem Vai Ficar com Morrissey?, de Leandro Leal.

Se você gosta de Rock, a chance de o livro te pegar é grande; se não gosta, também é.

A idolatria do personagem principal pelo ex-vocalista do The Smiths, uma das mais lendárias bandas do Rock, é pano de fundo (e um relevante pano de fundo) de uma história de amor pungente, cortante, que corre paralela a uma interessante discussão sobre o que é fracasso e o que é sucesso.

Me parece que esse foi o primeiro livro de Leandro Leal, e nota-se por causa de alguns parágrafos que poderiam ter metade do tamanho e algumas frases que deveriam ter umas dez palavras a menos.

Mas isso não compromete a estreia do Leandro (há outros autores também contemporâneos, alguns premiados e badalados pela crítica, que a meu ver pecam pelo mesmo motivo – a demasia – e que afugentaram meu interesse de leitor. Não foi o caso de Quem Vai Ficar com Morrissey?).

Acho também que o livro poderia se chamar Quem Vai Ficar com Bono, mas isso é implicância de fã e não de leitor (rs de risos no final desta frase).
Morrisey

Cheguei ao Leandro Leal por intermédio de uma resenha escrita pelo Mário Baggio, autor de Verás que Tudo é Mentira, outro contemporâneo que merece meu pitaco.

Conheci o Baggio lendo Espantos para Uso Diário, uma coletânea de contos, o que me motivou a abrir este segundo volume, do mesmo gênero.

Em Verás que Tudo é Mentira, Baggio repete a fórmula que me fisgou no primeiro livro, a de contar com uma elegância cínica, um requinte irônico, um deboche perverso as misérias e tragédias humanas, mostrando-as de certa forma como corriqueiras, mas sem nunca as denunciar como inaceitáveis.
Verás-que-tudo-é-mentira

Outra voz literária desses conturbados tempos a que dou destaque é Carlos Edu Bernardes, cuja poesia me encantou dois anos atrás e que agora me conquista como leitor pela prosa.

Falo de seu livro Minhas Mulheres, Essas Ventanias, uma edição independente de pequenos contos, muitos resvalando na prosa poética, todos falando sobre mulheres e com nomes de mulheres.

São narrativas curtas que oscilam entre o quotidiano e o fantástico, entre o plausível e o absurdo, com as mulheres geralmente causando um estrago na vida do narrador.

Carlos Edu Bernardes usa, então, sua latejante veia poética para amarrar as tramas, especialmente os finais, de um modo que faz com que o leitor emende uma na outra, quase sem descanso.
Minhas mulheres

Encerro essa seleção de palpites (lembrando que isso não é uma resenha e muito menos uma crítica. É só sugestão de leitura mesmo) falando de Grande Mar Oceano, do Leonardo Almeida Filho.

Que livro bom, gente! Que livro bom! E acho que desse jeito assim, simplório, eu resumiria o que é esse trabalho do Leonardo, mas vou dizer mais um pouco.

Ele consegue construir com extrema habilidade (e sendo sintético, escrevendo nada além do necessário) uma narrativa que na verdade são quatro, quatro que se desaguam uma na outra, embora se passem em épocas diferentes e, no caso de duas, bem distantes.

O livro é um passeio delicioso pelo Brasil Colonial, Estado Novo/Anos JK e Ditadura Militar.

Sinceramente, não sei por que não faturou algum desses prêmios importantes, talvez não tenha sido inscrito, só pode.

Quando se termina de ler Grande Mar Oceano, a primeira coisa que se pensa é “Poxa, que pena que acabou”, e acho que essa frase é a melhor resenha que se faz de um livro.
Grande Mar Oceano

1 comentário em “Dicas de leitura”

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