Aluno do segundo período de comunicação me entrevista para trabalho da faculdade. A disciplina é técnica de reportagem, ou algo similar.
As perguntas são boas, pertinentes, ele fez um bom trabalho de pesquisa, sabe quem eu sou e o que já fiz na vida.
Pela amostra, poderá ser um bom jornalista.
Entretanto, enquanto eu falo, seus olhos não param de observar o ambiente em volta, a praça de alimentação de uma universidade na hora do intervalo. Acho que não consegue me fixar por mais de cinco ou dez segundos. Logo dispersa, sai de mim, vai pescar o que está em volta.
É uma característica que venho observando nos nascidos nos anos 90, a chamada geração y ou sei lá que outra letra. Essa capacidade que possuem de ler, ouvir música, assistir à TV, navegar e mais duas ou três coisas deve ser o que os faz assim.
Não quero dizer que isso é ruim, mas também não sei se é bom. Se a absorção de cada conteúdo é satisfatória, é outra discussão, e a ela não me atrevo.
Também não me atrevo a afirmar que o rapaz não tenha prestado atenção às minhas respostas, mas não emendou a elas nenhuma pergunta que não tenha trazido pronta (boas perguntas,repito). E uma bela entrevista também é feita com base no que inventamos perguntar na hora, em cima do que o entrevistado responde; nasce também da observação ininterrupta dos gestos, expressões, olhares e até movimento labial de quem estamos entrevistando.
Portanto, fica a dica.
Amor e amizade precisam de olhos nos olhos.
Jornalismo, dependendo da ocasião, também.