Imagens do nascimento da capital.

Por Alexandre Pilati*.

 

Quem primeiro fotografou nossa cidade com lentes de artista foi o fotógrafo francês Marcel Gautherot, que, convidado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, passou dois anos, de 1958 a 1960, fotografando os trabalhos de construção da cidade. Das suas imagens surge uma Brasília ainda em gestação, em que a luz e as sombras compõem a poesia de um sonho que virou realidade.

Nesta semana, mais precisamente no dia 29 de abril, o Instituto Moreira Sales (IMS) presta uma homenagem ao fotógrafo francês e aos 50 anos de Brasília, lançando o belíssimo livro Marcel Gautherot – Brasília, que reúne mais de 150 fantásticas imagens de diversos ângulos dos canteiros de obra dos monumentos que viriam a se tornar símbolos emblemáticos da nova capital do país, tais como o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto, a Catedral e a esplanada dos Ministérios.

Quem foi o fotógrafo Marcel Gautherot?

Nascido na França, em 1910, Marcel Gautherot foi um dos grandes fotógrafos de sua geração. Ele estudou arquitetura e design de interiores na “École des Arts Décoratifs”, em Paris e já fotografava quando resolveu vir para o Brasil, em 1939, a fim de registrar a cultura popular do delta do Rio Amazonas. Depois da convivência com os brasileiros e graças ao fascínio que a natureza tropical lhe despertou, o fotógrafo adotou o Brasil como sua segunda pátria. Tanto assim que, desde a década de 1940, Gautherot passou a viver no país, vindo a falecer, em 1996, no Rio de Janeiro. Nesse período que viveu nas terras brasileiras, o fotógrafo produziu mais de 25 mil imagens da cultura e das paisagens do país que adotou. Essas imagens hoje integram o acervo do Instituto Moreira Sales, que é o responsável por essa publicação cuja temática é a construção de Brasília.

 

O livro: instantâneos de uma cidade em elaboração

O livro Gautherot – Brasília reúne imagens de uma exposição que entra em cartaz na sede do Instituto Moreira Salles no Rio de Janeiro, no mesmo dia do lançamento do livro. Além das imagens de Brasília, a publicação conta com um ensaio inédito, encomendado especialmente para esta edição, do arquiteto e crítico inglês Kenneth Frampton, professor da Columbia University, e um ensaio introdutório de Sergio Burgi, coordenador de fotografia do Instituto Moreira Salles. O olhar de Gautherot, preciso, quase clínico, captura uma Brasília ao mesmo tempo promissora e ameaçadora, enorme e frágil, mítica e problemática. As imagens de Gautherot, dessa forma, captam uma poética urbana em elaboração e, portanto, ainda não contaminada pelo peso do oficialismo e dos problemas que acabaram por corroer a imagem da cidade.

O livro é organizado por Samuel Titan Jr. e Sergio Burgi e entra para a história da fotografia no Brasil por que é a primeira vez que grande parte do trabalho de Gautherot sobre a cidade de Brasília é publicado. Numa tarefa extremamente difícil, dada a qualidade das fotos do francês, as imagens da publicação foram selecionadas dentre mais de três mil fotografias que compõem o acervo do fotógrafo apenas sobre a capital brasileira. É um livro que deveria constar na biblioteca de todo brasiliense que ama a sua cidade, pela beleza insuperável das fotografias e pelo cuidado com que a edição foi tratada. Quem quiser conferir um pouco do trabalho de Marcel Gautherot sobre Brasília e outras regiões e temáticas brasileiras pode acessar o site do Instituto Moreira Sales, no endereço: http://ims.uol.com.br/.

*Entra no ar hoje, dia 1 de maio, o blog do poeta e doutor em literautra e professor da UnB, Alexandre Pilati. Vale muito a pena conferir: www.alexandrepilati.com/blog/ . O sítio é de muito bom gosto, bem de acordo com a poesia de Pilati. E para lembrar: ele conversa comigo sobre litaratura na BandNews FM 90,5 Brasília todas às segundas-feiras às 16h51, com reprise às terças, às 11h30.

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