Mais uma vez sobre livros.

Nas últimas duas semanas emendei um no outro livros de história do Brasil, mais especificamente sobre o período colonial, um tanto esquecido pela literatura do assunto, ao menos se comparado com outros períodos tais como Império e Revolução de 1964.

Comecei com Chegou o governador, um dos únicos dois romances do goiano Bernardo Élis. Aliando pesquisa histórica à ficção de romancista, Élis presenteou o país com um belo romance passado em Vila Boa de Goiás, antiga capital do estado, hoje conhecida apenas como Goiás e, principalmente, por ser terra de Cora Coralina.

Ele esmiuça o declínio da capitania no século 18 após ter se esgotado não o garimpo do ouro em si, mas as possibilidades de prosseguir com a mineração devido a ausência de técnicas na época capazes de fazer aflorar a riqueza ainda escondida no solo goiano. A realidade econômica e social é pano de fundo para o amor de Francisco de Assis Mascarenhas, governador da província, e Ângela Ludovico, bela, ousada e audaz jovem da sociedade. Para quem como eu, conhece Goiás, o livro de Bernardo Élis é roteiro turístico para a imaginação.

Em seguida devorei 1808, de Laurentino Gomes. Poucas vezes na vida li tão rapido um livro tão volumoso. Foram quase quatrocentas páginas em menos de quatro dias. Mérito da história do país e do autor, o jornalista paranaense Laurentino Gomes, que passou longe da linguagem acadêmica dos historiadores. Por isso fez deliciosa a saga de D. João, Carlota Joaquina e Maria I, a louca, nesses tórridos trópicos de luxúria, beleza e, já naquela época, muita bandalha com o dinheiro público.

Da mesma forma que Élis, Laurentino Gomes me conduziu feito guia a imaginação transportada ao passado. Há trechos em que, principalmente nós cariocas,  devemos ler e reler para reconstruir solidamente na cabeça como era a nossa tão amada cidade naqueles tempos de muitos brancos preguiçosos e outros tantos negros vilependiados em sua dignidade.

Por fim, retorno ao meio do país. Comecei há pouco A história da vida e do homem no Planalto Central, de Paulo Bertran, certamemnte o maior levantamento sobre o que existia no coração do Brasil antes de Luis Cruls demarcar a área do atual Distrito Federal. Ainda estou bem no início, parte em que Bertran discorre sobre a pré-história na região. Prometo trazer minha impressão geral depois que terminar. Aliás, sobre esse livro, uma curiosidade: comprei-o em uma rede de sebos. Era o único exemplar em todo o país, ao menos nessa rede. Assim sendo, custou o preço de um livro novo. Penso que merece uma nova edição.

Entretanto, o que quero dizer mesmo é sobre a capacidade que os livro têm não apenas de nos ensinar, informar, formar opiniões, soldar conhecimentos, mas também, no caso dos livros de história, de possibilitar a viagem da mente no tempo, como se páginas fossem túneis que atravessamos, indo e voltando dos séculos.

1 comentário em “Mais uma vez sobre livros.”

  1. Denise Giusti

    Muito bom André! Passar adiante o que se lê de maneira agradável é tudo de bom!

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