Não à “bundizização”

É compreensível que não dê para falar de carnaval na TV se não for com alegria. A cobertura da festa precisa mesmo aproximar o público do clima do espetáculo. Natural e, portanto, nada contra que uma matéria sobre o tema tenha não só alegria, mas ainda descontração e irreverência.

Só que alegria, para os meios de comunicação nesse país, tem se “fantasiado” cada vez mais de imbecilização.

Assisto à matéria sobre umas tais musas do carnaval de Brasília. No geral, as imagens não foram além de umas sambadinhas e do corpo escultural das três eleitas (aliás, por quem?).

Não me lembro das beldades terem dito, nas entrevistas, algo diferente do que fazem para manter aqueles corpanzis dignos dos mais sumários biquínis. Uma delas afirmou, com a mesma naturalidade com que samba, que nesta época do ano sua grande preocupação é mesmo a bunda. Sim, é em função dela – a bunda – que a menina vive esses dias pré-momescos.

E esse foi o grande momento da matéria, o principal da notícia, o lead, como reza o jargão jornalístico

Claro, a culpa não é dela, ou pelo menos não somente dela. Boas entrevistas, ou mesmo apenas boas declarações, surgem muitas vezes por causa de boas perguntas e boas pautas, boas ideias para uma reportagem.

Não estou exigindo discurso politizado ou de elevada consciência social na cobertura da folia. Apenas não quero que tratem a minha inteligência feito uma imensa e bela bunda, que, na TV, só serve para ser consumida nos desfiles e descartada na quarta-feira de cinzas.

1 comentário em “Não à “bundizização””

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