Quando comecei a ler os poemas do José Danilo Rangel, a impressão que tive foi a de que estava escutando alguém falar sozinho.
Sozinho e sem parar, tal o volume das palavras, das frases.
Confesso que me passou pela cabeça a imagem daqueles loucos nas praças de cidades do interior, que sobem nos bancos em frente às igrejas e fazem discursos sobre qualquer assunto, conexos ou não.
Só que na poesia do José Danilo Rangel as coisas possuem sim muita conexão; conexão com a realidade, com as dores de estarmos vivos, com a certeza da morte, com a mão de obra explorada por cada centímetro cúbico ocupado pelos donos do tal PIB.
Então, a cada poema que eu lia, eu pensava: Nossa! Como faz sentido o que esse louco aí tá dizendo.
E, além de tudo, dizendo com uma belíssima estética poética.