Saudades da Vila Sésamo

Morreu nesse fim-de-semana o cenógrafo Cyro Del Nero. Era o tipo de pessoa cujo trabalho tornou-se bem mais conhecido do que o próprio nome, ou seja, o que fazia era mais importante do que ele como pessoa, uma relação totalmente invertida quando se trata das celebridades de hoje em dia.

Cyro Del Nero tornou-se marco nos cenários da TV brasileira nos anos 70, e assim deverá manter-se mesmo após a morte. Eu não sabia, mas é dele a arte do clip em que Raul Seixas canta Gita, mostrado no Fantástico em algum domingo de 1974.

Eu me lembro muito bem do Raul cantando Gita. Por isso, da mesma forma, me lembro perfeitamente de um sucesso da TV em que Cyro Del Nero também assinou os cenários: Vila Sésamo. O programa foi a referência televisiva mais forte de quem nasceu no final dos anos 60, só sendo desbancado nesse aspecto em 1977, quando estreou o Sítio de Picapau Amarelo na versão com Zylka Salaberry, Dirce Migliaccio, Júlio César e Rosana Garcia.

No link com a notícia sobre a morte de Cyro Del Nero, é possível conferir alguns momentos da Vila Sésamo, tais como os impagáveis Ênio e Beto, e atuações singelas de artistas do naipe de Armando Bogus e Aracy Balabanian. Não farei o papel do saudosista que acha que tudo do passado era melhor. Hoje em dia, minhas filhas assistem a programas e desenhos igualmente interessantes (recomendo o desenho Madeleine, na TV Futura), mas a Vila Sésamo tratava criança como criança, sem desprezá-la com imbecilidades nem pretendê-la adulta para integrá-la ao mercado consumidor.

Assistindo aos vídeos do programa, é engraçado pensar que aqueles meninos e meninas que aparecem brincando junto com os atores são, hoje em dia, quarentões e quarentonas feito eu, preocupados com o que os filhos vêem na TV, e que a vida da gente não está no youtube de um modo que seja possível clicar no play para se voltar atrás quando dá saudades.

2 comentários em “Saudades da Vila Sésamo”

  1. “Todo dia é dia, toda hora é hora …” Quem apresentava o programa era a Sonia Braga. Meu Deus. Ainda tem Vila Sésamo, mas nos canais de cabo. Como foi bom assistir o Garibaldo. Até hoje canto as músicas. E meus filhos me olham meio de lado desconfiando da minha sanidade. E digo para eles, como Saramago, que não esqueço o menino que fui. Um bibo tão grande, tamanho gigante… Garibaldo só gosta de comer, xi. Abacaxi. Abacaxiiiiiii

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