Sobre envelhecimento e água com gás

Uma das frases antológicas da literatura mundial está em O amor nos tempos do cólera. Florentino ou Juvenal – agora não sei exatamente qual dos dois – olha no espelho o quanto está envelhecendo. Gabriel Garcia Marquez, então, em um de seus vários momentos de genialidade, diz que “um homem percebe que está envelhecendo quando começa a ficar parecido com seu pai”.

Na infância, eu achava que água com gás era coisa de velho. Tudo porque era a bebida preferida de meu pai. Ele não tomava refrigerante. Bebida alcólica, só uma taça de vinho no natal. Mas sentando em um restaurante, mandava descer logo uma Lindóia ou uma São Lourenço, as marcas mais famosas nos anos 70 no Rio de Janeiro.
gasosa

Meu pai tinha seus 50 anos nessa época, e eu, da pequenez dos meus 6 ou 7 anos, o achava velho. É bom lembrar também que, há 40 anos, meio século de vida pesava mais no corpo e na alma do que atualmente, quando uma série de fatores e condutas tornam alguém nessa idade o equivalente a alguém de 35 ou 40 de décadas atrás.

Hoje, me barbeando, vi que a fisionomia de meu pai está surgindo, pouco a pouco, em meu rosto, talvez num vinco da pele abaixo das maçãs da face, quem sabe num modo furtivo de olhar para o lado.

E não é só isso: há alguns anos que adoro água com gás.

2 comentários em “Sobre envelhecimento e água com gás”

  1. André Giusti

    Obrigado, querida, pelo comnetário. Apareça no lançamento sexta-feira, viu? Um beijo!

  2. Maressa Omena

    Só podemos esperar que a sabedoria acompanhe os outros sinais 🙂
    Bjão!

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