Vídeo-poema – Os Filmes em que Morremos de Amor

Os filmes em que morremos de amor.

Noite de Domingo
morre pesada
em pratos do almoço
ainda na pia.

Insisto
em alguma vida na casa:
abro-fecho sites,
com os dedos no telefone
procuro pessoas,
mas não todas:
apenas as que me falem
de dias na praia,
dos filmes em que
morremos de amor.

Mas como a noite
pode ser nave imensa
que não pousa,
desisto de buscas,
rendo-me calado
no primeiro quarto
que encontro.

Nos grotões da sala apagada
Sheryl Crow canta
algo que tocava em novela,
sem bem me lembro.

Ah, as músicas e minha
inconformada relação
com o tempo!

O problema
é que o CD gira sem consolo
no fim de outra noite,
em 1995 talvez.
*
Do livro Os Filmes em que Morremos de Amor (Editora Patuá)


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