A normalidade do atropelo

Blog do BG
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Não que o Temer não merecesse ser preso. Longe disso.

Tinha que ter ido pro xilindró preventivamente no dia em que vazaram as conversas dele com o Joesley safadão.

Mas me assusta a reação de um tipo de eleitor, que a cada dia mais se revela sectário.

“Quem mandou mexer com o Moro?”, foi o tom geral que vi em algumas postagens por aí, referência para a treta entre o ministro e o Presidente da Câmara, casado com a enteada do Moreira Franco, que dançou junto com o Temer.

É claro que não há como se provar se foi o caso, e me estarrece só de pensar que tenha sido, mas claramente, a julgar pelas postagens, está comprovado que uma boa parte das pessoas passou a considerar normal usar o poder de ser governo (e de ser ainda considerado super herói) para resolver diferenças pessoais.

Porque quem pensa assim pode perfeitamente ter elegido quem pensa igual.

E então todos os atropelos, começando pelos da Lei, serão permitidos.

Ps: Do twitter do Chico Alencar, meu deputado sempre, mesmo eu morando e votando em Brasília.

“A prisão de Temer é tardia. Ele só foi preso porque perdeu o foro privilegiado de presidente e porque não serve mais aos interesses da política de coalizão que derrubou Dilma e o sustentou até o fim do mandato. A caixa de Pandora foi aberta. #Temer #TemerPreso

Sobre passarinhos e vidraças

viminas.com.br
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As vidraças fumê espelhadas dos prédios modernosos de Brasília estão matando passarinhos.

Eles devem achar que a paisagem que vêem pela frente durante o voo é real e não uma imagem refletida.

Então, o choque é inevitável, e muitas vezes em alta velocidade.

Está aumentando a frequência com que se acha aves mortas no chão, com ferimentos, sempre perto de prédios com esse tipo de vidraça.

Então resolvi tocar no assunto porque afinal acho pássaros mais bonitos (úteis e importantes) que vidraças fumê espelhadas.

Pela atenção, obrigado.

Flickr
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Patético

Brendan Smialowski/AFP
Brendan Smialowski/AFP

A falta de uma visão plural sobre o pais governado pelo twitter fez com que Pelé/futebol voltasse a ser a 1ª coisa que se fale ou que venha à cabeça quando o assunto é Brasil.

É muita volta ao passado em tão pouco tempo.

É patético e deprimente o retrocesso.

A agradável surpresa da paz e da liberdade

ainstem.wordpress.com
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Na última 6ª feira meu combalido celular bateu a cassuleta.

Levou um tombo (mais um) e agora tomará de vez seu destino final, que, espero não seja o de sujar mais o planeta.

Por uma série de contingências, acabei ficando ‘ “incomunicável” durante exatas 24 horas.

De início, veio aquela sensação de estar no filme O Náufrago, do Tom Hanks. Sem o Tom Hanks.

Bateu também gosto de que eu estava nu em plena Avenida Rio Branco, procurando um jornal pra esconder as partes.

Só que lá pelo meio da tarde de sábado percebi que estava era me sentindo bem.

Muito bem, aliás, com mãos vazias e olhos liberados para prestar atenção às cores do dia, às flores da estação.

Atenção às pessoas que passavam por mim.

Mas o melhor foi perceber um silêncio relaxante dentro de minha cabeça, silêncio que me convidava a ouvir os meus próprios pensamentos, e não os pitacos de
Clementino ou Verediana sobre a menstruação das abelinhas da Malásia.

Me veio também uma paz deliciosa, paz de não ter como verificar compulsoriamente fotos, vídeos, amenidades de gente que nunca verei, de lugares a que nunca irei.

Experimentem, pois, ao menos uma vez por semana, 24 horas de liberdade.

Os cegos que não querem ver

Socioeconomia.org
Socioeconomia.org

O que anda me assustando nos últimos dias nem é mais a conduta do mandatário.

Por mais superficial que tenha sido o acompanhamento de sua (nula) vida parlamentar ao longo de 30 anos, era impossível esperar algo diferente, embora o quilate das mentiras, das tolices e das asneiras esteja superando o que projetava meu pessimismo em 1º de janeiro.

Entendidos dizem que é proposital, é cortina de fumaça com o objetivo de jogar para debaixo do tapete a falta de coordenação política, que prefiro chamar de falta de capacidade mesmo.

Mas nem mesmo essa estratégia, se existe mesmo, também me assusta tanto quanto a reação dos que escolheram seu voto a partir de verborragia e mentiras.

Continuam incólumes em sua crença de que optaram pelo melhor para o país.

Ou não falam nada, parecendo não perceber um pingo sequer da chuvarada de imbecilidades, ou então, o que é pior, permanecem “cornetando” com o que sua capacidade alcança, que é ou enxergar perseguição comunista em tudo ou insistir no patético mi mi mi para revidar o que lhes é contrário.

“O pior cego é o que não quer ver” é frase atribuída a Heloá Marques.

E de quatro em quatro anos, é também o que pode votar.

A intolerância com gatos pode chegar ao poder

Enciclopédia do gato - WordPress.com
Enciclopédia do gato – WordPress.com

Em uma das quadras da Asa Norte, dito bairro nobre de Brasília, há um cabo de guerra entre moradores por causa de uma simplória família de gatos.

É que alguns colocam água e ração para os bichanos que, com a despensa garantida, não abandonam as redondezas.

E aí começa a birra dos outros vizinhos, incomodados com a presença dos gatinhos.

Soube que há discussão esquentada em grupos de zap por causa da pensão completa aos felinos.

O síndico de um dos blocos já até mandou que porteiros vigiassem quem se aventura na compaixão pelos animais.

Não sei o que alegam e, sinceramente, quando passo pelo local, não vejo que transtorno os gatos podem estar causando.

De uns tempos para cá, as vasilhas de água e comida começaram a aparecer viradas.

O mínimo conhecimento sobre gatos informa que não é da espécie sair virando prato onde comem e bebem.

Outro dia, um dos gatinhos apareceu morto.

Era novo ainda, e segundo quem entende de bicho, pela expressão ele morreu sentindo dor, o que ampara a hipótese de envenenamento.

Não cravo que em caso dessa maldade, quem a tenha praticado seja capaz de fazer o mesmo com um ser humano, embora acredite que seja incompatível amar pessoas e odiar animais.

Mas revela, no mínimo, que essas pessoas possuem uma capacidade incomensurável de não tolerar o próximo com suas diferenças.

E capacidade de alastrar a intolerância pela vizinhança.

E até mesmo fazer com que ela chegue ao poder.

O recado da verde e rosa

Rodrigo Gorosito/G1
Rodrigo Gorosito/G1

Embora seja carioca, o carnaval não me diz respeito.

Nunca tive escola do coração, nem sequer leve simpatia por essa ou aquela.

Só fico sabendo quem foi a vencedora horas depois, às vezes no dia seguinte.

Mas este ano estou feliz, muito feliz com a vitória da Mangueira.

Não foi um desfile.

Foi um recado.

Um recado de que estamos vivos e fortes e de que a noite chuvosa passará para a chegada de um novo dia de sol.

Parabéns, verde e rosa! Você me representou!

Pede pra sair

Alguma semanas antes da Copa do Mundo de 1998, a Seleção Brasileira fez um amistoso contra a Argentina no Maracanã.

Foi um jogo horroroso, deu raiva ver o Brasil jogar (naquela época dava raiva de vez em quando. Hoje em dia, dá sempre).

Aos 36 do 2o. tempo, a Argentina guardou um. E terminou assim, 1 X 0 pra eles.

Irritada, já no primeiro tempo a torcida começou a gritar: Raí, pede pra sair! Raí, pede pra sair!.

E tinha razão. O meio-campo, irmão do Sócrates, mal andava em campo, tanto é que acabou sacado do gramado.

Hoje, lendo o noticiário político, lembrei do corinho da torcida de 21 anos atrás e repeti.

Só fiz uma adaptação e cantei pra mim mesmo: Juiz, pede pra sair! Juiz, pede pra sair!

A rima não é tão boa quanto foi a da torcida.

Mas a indignação é a mesma.

Arquivo CBF
Arquivo CBF

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